Os fabricantes de tintas estão pressionando para que as medidas antidumping da União Europeia sejam repensadas contra as exportações chinesas.
"Esta é uma questão de sobrevivência dessas indústrias. Se todas essas investigações resultarem em impostos tão altos na Europa, então haverá algumas falências", disse Nicolas Dujardin, diretor de operações da Océinde, uma produtora familiar francesa de tintas, citado pela mídia.
Paula Salastie, proprietária da quarta geração da empresa finlandesa Teknos, disse que o setor de tintas enfrentaria uma desaceleração prolongada se os consumidores fossem afetados por preços ainda mais altos e que, se o fornecimento chinês fosse desviado para outro lugar, a escassez de matéria-prima causaria interrupções na produção.
"Se não conseguirmos vender tanto quanto esperávamos, então precisamos cortar empregos. Estamos olhando com um olhar muito atento", disse Salastie.
Ela acrescentou que as taxas significavam que seus próximos investimentos provavelmente seriam feitos fora do bloco.
Grandes produtores de tinta também criticaram as taxas. Pedro Serret Salvat, presidente da PPG da Europa, Oriente Médio e África, a segunda maior empresa de tintas do mundo, disse que elas "teriam um impacto negativo na competitividade" de seus fabricantes da UE.
O imposto era "desproporcional" e a aplicação retroativa era "inaceitável", acrescentou.
O debate destaca o dilema que a União Europeia enfrenta para proteger suas indústrias da concorrência chinesa sem alimentar a inflação e gerar custos mais altos para seus próprios produtores, algo bastante vivido recentemente pela indústria automobilística após as tarifas impostas sobre veículos elétricos chineses.
Os produtores de tinta disseram que as tarifas seriam aceitáveis se introduzidas gradualmente, juntamente com o aumento dos subsídios para a produção local de dióxido de titânio. No entanto, os produtores ocidentais de TiO2 foram duramente afetados pela concorrência chinesa.
A capacidade de produção da China aumentou de 1,4 milhão de toneladas em 2008 para cerca de 6,1 milhões de toneladas neste ano, elevando sua participação relativa ao consumo global de 29% para 83%, de acordo com a TZMI, uma provedora de informações do setor, citada pela mídia.
Alguns fabricantes de tintas disseram esperar que as taxas dessem ao Reino Unido uma vantagem inesperada com o Brexit e impulsionassem os rivais turcos, com ambos os países ainda conseguindo acessar pigmentos chineses baratos.
A Tronox, empresa de produtos químicos, disse estar preocupada que o Reino Unido possa ser inundado com material chinês, já que os exportadores buscam mercados alternativos fora da UE, especialmente porque o Brasil e a Índia iniciaram suas próprias investigações antidumping contra remessas de TiO2 da maior economia da Ásia.