Durante evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), ontem (8), Múcio declarou que a diplomacia interfere na defesa do Brasil:
"Houve agora uma concorrência, uma licitação; venceram os judeus, o povo de Israel. Mas por questões da guerra, do Hamas, os grupos políticos, não estamos com essa licitação pronta, […] por questões ideológicas nós não podemos aprovar. O TCU [Tribunal de Contas da União] não permitiu dar [o contrato] ao segundo colocado, e estamos aguardando que essas questões passem, para que a gente possa se defender."
De acordo com matéria veiculada pela Folha de S.Paulo em 17 de setembro, Mucio tentou destravar a compra de obuseiros de 155 mm da empresa Elbit Systems, de Israel.
Houve resistência de setores do Partido dos Trabalhadores (PT) e do assessor especial da Presidência Celso Amorim, que defendiam ser incoerente adquirir equipamentos militares de Israel, cujas ações na Faixa de Gaza eram criticadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os contrários alegavam que a compra dos obuseiros — tipo de canhão projetado para disparar projéteis de grande calibre em trajetórias elevadas —, por quase R$ 1 bilhão, poderia financiar ataques israelenses contra palestinos.
A transação envolveria duas empresas brasileiras (Ares Aeroespacial e AEL Sistema) e a promessa de criação de 400 empregos diretos, que contribuiriam para o aquecimento da indústria de defesa, que é uma das pautas do governo.
No evento da CNI, Mucio mencionou haver ainda "embaraço diplomático" envolvendo o conflito na Ucrânia:
"Temos uma munição aqui no Exército que não usamos. A Alemanha quis comprar. Está lá, custa caro para manter essa munição. Fizemos o negócio, um grande negócio. 'Não faz, porque senão o alemão vai mandar para a Ucrânia, a Ucrânia vai usar contra a Rússia e a Rússia vai mexer nos nossos acordos de fertilizantes'", declarou.