Após anunciar nesta semana que os membros da OTAN precisam concordar com os critérios para uma possível admissão da Ucrânia, o ministro da Defesa dos Países Baixos, Ruben Brekelmans, mencionou que um deles é muito improvável que Kiev consiga atender.
Brekelmans sugeriu que a Ucrânia deve avançar no combate à corrupção, algo que há muito se tornou sinônimo dos poderes estabelecidos no país, inclusive com envolvimento do Ministério da Defesa da Ucrânia em diversos escândalos de corrupção.
No ano passado, a pasta adquiriu alimentos, combustível e até roupas de inverno para as tropas a preços inflacionados: por exemplo, o ministério pagou cerca de US$ 2,17 (R$ 12,30) por litro de diesel e cerca de US$ 0,46 (R$ 2,62) por um único ovo.
Em janeiro, as autoridades ucranianas anunciaram que uma empresa de armamentos tentou desviar cerca de US$ 40 milhões (R$ 227,7 milhões) destinados à compra de cerca de 100.000 projéteis de morteiro.
Grande parte dos suprimentos militares ocidentais para a Ucrânia, que têm chegado constantemente a Kiev desde 2022, também acabou nas mãos de comerciantes do mercado paralelo, incluindo armas leves, mísseis antitanque e até munições de evasão, conhecidas como drones kamikaze.
Com a convocação forçada de homens ucranianos, que rapidamente se transformou em verdadeira coação, muitos recorreram a subornos para os oficiais do Exército e de profissionais de saúde para serem isentos da medida.
Quase US$ 6 milhões (R$ 34,16 milhões) em dinheiro foram descobertos no início deste mês por agentes de segurança ucranianos que invadiram a residência de um dos membros de uma comissão médica regional da Ucrânia, acusado de facilitar a evasão de convocação em troca de subornos.
Outros setores do Estado ucraniano não estão em melhor situação. A operadora estatal de transmissão de eletricidade da Ucrânia, a Ukrenergo, aprovou em 2023 mais de 60 contratos sem licitação, cada um no valor de US$ 1,6 milhão (R$ 9,11 milhões), para a instalação de estruturas de proteção em transformadores.
O prazo para a conclusão dos contratos foi prorrogado várias vezes até junho de 2024, mas nenhum deles foi concluído, e o então chefe da Ukrenergo foi finalmente demitido.
Em abril, um esquema ilegal para obter terras estatais avaliadas em mais de US$ 7 milhões (R$ 39,8 milhões) foi descoberto pelas autoridades ucranianas, sendo o suspeito nada menos que o então ministro da Agricultura.