O problema do lixo espacial no espaço próximo à Terra, como uma questão puramente teórica, surgiu imediatamente após o lançamento dos primeiros satélites artificiais no final da década de 1950.
Agora, com mais de 10 mil satélites e mais de 100 trilhões de detritos espaciais, o problema está se transformando em um perigo real não só para as missões espaciais, mas para quase todos os aspectos da vida humana moderna.
"O conceito da síndrome de Kessler, proposto pela primeira vez em 1978 pelo cientista da NASA Donald Kessler, descreve um cenário devastador em que as colisões entre detritos espaciais criam um efeito cascata, tornando o espaço ao redor da Terra perigoso demais para os satélites", esclarece o artigo.
Este processo pode até fazer com que os lançamentos de satélites, sondas e veículos tripulados para o espaço se tornem impossíveis.
Na ausência de satélites funcionais, o GPS e outros sistemas de comunicação, a agricultura e a previsão do tempo seriam gravemente afetados.
"Sem as atualizações em tempo real dos satélites, os pilotos enfrentariam desafios significativos para voar com segurança, especialmente em condições climáticas perigosas", cita o artigo John L. Crassidis, especialista em detritos espaciais.
O tráfego ferroviário também sofreria, já que os satélites são usados para rastreamento da localização dos trens e prevenção de colisões.
Os dados dos satélites são vitais para muitas instalações de energia, inclusive fontes renováveis e usinas nucleares. A perda deles pode levar a cortes de energia ou, no pior cenário, a acidentes de grande escala.
"Em um mundo onde a energia impulsiona a economia, essas interrupções levariam à perda generalizada de empregos e à instabilidade econômica", enfatiza.
O colapso do sistema GPS vai se refletir nos suprimentos globais. O dos mais fulcrais é a indústria farmacêutica e o transporte de medicamentos. Isso colocaria milhões e milhões de pessoas entre a vida e a morte.
"As inovações tecnológicas transformaram a maneira como nossas mentes e corpos se adaptam ao mundo moderno. A perda repentina dessas tecnologias pode ter graves consequências psicológicas", conclui Crassidis.
Ele destaca que a mudança drástica de nossa vida cotidiana, que depende muito de sistemas de comunicação e de todas as tecnologias relacionadas a ele, pode resultar em grandes problemas na sociedade criando "pânico e agitação, desestabilizando ainda mais os sistemas já frágeis".