"A retórica e a ansiedade de Tai não são novas", destaca um editorial do Global Times, onde o analista brasileiro Tiago Nogara lembra que a chefe do Comando Sul dos Estados Unidos, Laura Richardson, já vem criticando a crescente colaboração entre a China e os países latino-americanos.
"Estas declarações fazem parte de uma estratégia mais ampla dos EUA para reviver a retórica da era da Guerra Fria sob o pretexto de 'uma nova Guerra Fria', ecoando os princípios da Doutrina Monroe e alinhando-se com os esforços dos Estados Unidos para conter a crescente influência da China. Não é surpreendente que esta retórica tenha se intensificado junto com o fortalecimento das relações entre a China e a América Latina", destaca a publicação.
Segundo o jornal, o endurecimento da postura dos Estados Unidos em relação à China tem se tornado cada vez mais evidente e reflete-se na implementação de medidas econômicas mais duras contra o gigante asiático.
Na América Latina, explica, esta estratégia materializou-se através de comentários frequentes de quadros do alto escalão do governo norte-americano que questionam as intenções por trás dos projetos de cooperação da China, muitas vezes acompanhados de acusações de "imperialismo" ou "neocolonialismo" chinês na região.
"Apesar dos esforços dos Estados Unidos, os governos latino-americanos e os seus cidadãos parecem cada vez mais indiferentes a estes apelos, optando em vez disso por fortalecer os laços com a China, o maior parceiro comercial da América do Sul e o segundo maior da América Latina em geral", pondera o especialista, que destaca o fato de mais de 20 países da América Latina e do Caribe já fazerem parte da Iniciativa Cinturão e Rota.
O editorial acredita que os investimentos chineses, particularmente em energias renováveis e infraestruturas, continuam a crescer, impulsionando significativamente o desenvolvimento econômico local.
Da mesma forma, o Global Times afirma ser "irônico que as acusações dos alegados interesses predatórios da China na América Latina venham de Washington, que durante décadas tratou a região como o seu quintal, intervindo rotineiramente para proteger os seus próprios interesses".
Nos anos 2000, a recuperação econômica da América Latina esteve intimamente ligada à sua crescente sinergia com a China, que se tornou um parceiro comercial indispensável que continua a fortalecer-se.
"Como resultado, é pouco provável que as declarações de responsáveis norte-americanos tenham repercussão nos países latino-americanos. As suas afirmações carecem de credibilidade quando comparadas com a cooperação tangível entre a China e a América Latina e não refletem o próprio histórico dos EUA na região. Os laços entre a China e a América Latina foram construídos com base no respeito mútuo e na não interferência", conclui.