"Denunciamos ao povo boliviano e à comunidade internacional que grupos armados afins a Evo Morales assaltaram três unidades militares no […] [departamento] de Cochabamba, mantendo militares e suas famílias reféns, ameaçando suas vidas, sendo que eles não intervêm em nenhuma operação, apenas estão protegendo suas unidades. Eles são de origem popular, e muitos também têm raízes indígenas originárias, como os policiais contra os quais esses grupos irregulares estão disparando com armas letais e lançando dinamites", escreveu o mandatário em sua conta nas redes sociais.
Arce insistiu que essas ações constituem um crime e afirmou que estão muito longe de qualquer reivindicação social legítima do movimento indígena originário camponês.
"A ocupação de uma instalação militar por grupos irregulares em qualquer lugar do mundo é um delito de traição à pátria", acrescentou.
A polícia boliviana, apoiada pelos militares, lançou uma operação em larga escala na última semana para desbloquear estradas que haviam sido obstruídas por manifestantes pró-Morales.
Os apoiadores mantêm militares como reféns, informou uma emissora de TV da Bolívia. Uma filmagem dos manifestantes foi publicada nas redes sociais, mostrando um militar pedindo para que não houvesse qualquer intervenção, já que sua vida e a de outros soldados estavam em risco.
Os manifestantes entraram em confronto com as forças de segurança bolivianas e usaram explosivos, incluindo dinamite, contra elas, enquanto a polícia fez dispersões com gás lacrimogêneo, de acordo com o jornal boliviano El Deber.
Pelo menos 70 pessoas, incluindo 9 civis e 61 policiais, ficaram feridas durante o bloqueio da estrada e os confrontos com a polícia.
O motivo da movimentação é o aumento dos preços dos alimentos e a escassez de combustível no país, além da exigência de que uma investigação contra Morales, suspeito de tráfico de pessoas e abuso de menores, seja suspensa.
O ex-presidente é suspeito de estuprar uma menor de idade que deu à luz uma criança — Morales é listado como o pai na certidão de nascimento. A investigação foi iniciada em 2016 e retomada em setembro deste ano.
Morales nega a acusação e diz que ela tem motivação política, já que ele planeja desafiar Luis Arce nas eleições presidenciais de 2025.
Na segunda-feira (28), Evo Morales foi acusado pelo governo de furar um posto de controle, no domingo (27), na região de Villa Tunari, no departamento de Cochabamba, e disparar contra policiais, após denunciar um atentado contra sua vida.
Morales postou um vídeo nas redes sociais feito de dentro de um carro em movimento com pelo menos dois buracos de bala no para-brisa. O boliviano é visto no banco do passageiro da frente, e o motorista parece ferido.
Em entrevista à rádio boliviana Kawsachun Coca, ele afirmou que foi seguido por outros dois veículos, onde estavam os autores do ataque, que dispararam 14 vezes contra seu carro. Ele culpou o atual governo pelo episódio.
Logo depois, Arce anunciou a abertura de uma investigação para apurar o ataque contra Morales.