Desta vez, o Partido Democrata é representado pela vice-presidente Kamala Harris, enquanto o Partido Republicano escolheu como seu candidato o ex-presidente Donald Trump.
A Sputnik entrevistou vários especialistas sobre o assunto que, apesar da tensa corrida eleitoral, avançaram possíveis resultados e explicaram as peculiaridades das eleições atuais.
Para se tornar presidente dos Estados Unidos, um candidato precisa de 270 votos dos chamados grandes eleitores (ou seja, delegados) de um total de 538. Portanto, com 269-269, é possível um empate.
A diretora do Centro de Estudos Norte-Americanos do Instituto Primakov de Economia Mundial e Relações Internacionais da Academia de Ciências da Rússia, Viktoria Zhuravleva, acredita que a probabilidade de um empate na eleição presidencial dos EUA é extremamente baixa.
"Mesmo que obtenham um número igual de votos eleitorais, há ainda uma boa probabilidade de alguém obter mais votos no Colégio Eleitoral devido às diferenças de estado e de população", disse ela.
Assim, ela indica o fato de a eleição nos Estados Unidos não ser direta, ou seja, há um Colégio Eleitoral dos eleitores designados por cada estado, que elege o presidente e o vice-presidente após a votação popular.
No caso de a eleição terminar com uma igualdade absoluta de votos dos eleitores, o futuro do cenário político norte-americano vai ser decidido pela Câmara dos Representantes (câmara baixa do parlamento), em janeiro, explicou Zhuravleva.
No entanto, ela acrescentou que não houve nenhum caso desses na história moderna dos Estados Unidos.
Falando sobre o resultado possível, o cientista político austríaco Christian Machek disse à Sputnik que a vitória de Donald Trump seria mais desejável para a Europa, dada sua posição sobre o conflito ucraniano.
Machek afirma que, qualquer que seja o resultado, o presidente norte-americano "tem uma posição poderosa no mundo", pois as eleições dos Estados Unidos vão ter um impacto não só na Europa, mas em todo o mundo.
Ele lembrou que a posição do candidato republicano, Trump, é negociar o conflito o mais rápido possível, ao contrário de Harris que "deu a entender que continuaria".
Candidato republicano à presidência, ex-presidente Donald Trump, fala em um comício de campanha no Salem Civic Center, 2 de novembro de 2024, em Salem, Virgínia.
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O especialista ressalta também a posição da chefe da Comissão Europeia, a autoridade executiva da União Europeia (UE), Ursula von der Leyen, que é conhecida pelo constante apoio ao atual governo ucraniano.
"Os europeus querem paz. [...] Os países que não querem seguir as políticas de Ursula von der Leyen estão mais propensos a apoiar Trump", explicou.
Esperando uma solução pacífica, Machek citou as palavras do candidato republicano dizendo: "Quero que as pessoas parem de morrer".
Ao mesmo tempo, enquanto Donald Trump sabe o que defende, a candidata à presidência democrata, Kamala Harris, ainda não definiu completamente o programa de sua campanha, disse o vice-diretor do Centro de Estudos Europeus e Internacionais da Escola Superior de Economia da Rússia, Dmitry Suslov.
Ele observou que a candidata democrata, em comparação com Trump, quase não dá entrevistas porque não tem nada a dizer, é incapaz de ter uma discussão livre.
Além disso, a candidata democrata não consegue argumentar por que os fracassos e erros da administração do presidente dos EUA, Joe Biden, não deveriam ser estendidos a ela, que é vice-presidente dos EUA no momento.
Candidata democrata à presidência, a vice-presidente Kamala Harris, aparece no programa “Saturday Night Live”, da NBC, com Maya Rudolph, 2 de novembro de 2024, em Nova York.
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Uma das ferramentas usadas pelo Partido Democrata contra Trump é sua idade, disse Suslov, indicando que a questão da idade e incapacidade mental de Biden foi um dos principais pontos de discussão da campanha dos republicanos.
"Agora, os democratas já estão dizendo: 'Vejam, há um candidato idoso que está prestes a ficar tão velho quanto Joe Biden em 2021 e depois, e, por outro lado, aqui temos uma nova Kamala Harris'."
Entretanto, Suslov sublinha que Trump não mostra sinais de incapacidade de articular seus pensamentos.
No sábado (2), o jornal The Washington Post, citando autoridades europeias informou que os países da Europa estão se preparando para mudanças na política mundial com a provável vitória de Trump.