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Mauro Vieira defende diálogo com Venezuela e condena sanções e solução 'imposta de fora'

A partida do embaixador venezuelano no Brasil, Manuel Vadell, para prestar esclarecimentos ao governo de Nicolás Maduro não é definitiva, afirmou nesta quarta-feira (13) o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, em uma audiência na Câmara dos Deputados, em Brasília.
Sputnik
"Ele [o embaixador] foi chamado para consultas. E quando ocorre isso é por um período", disse. "Não ha indicação de que a partida do embaixador seja definitiva", declarou Vieira a deputados na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional.
A Venezuela convocou Vadell em 30 de outubro, após fazer críticas a declarações do governo brasileiro sobre o resultado da eleição presidencial do país vizinho, em 28 de julho, nas quais Nicolás Maduro se reelegeu.
O chanceler afirmou que, apesar do incidente diplomático, que diminuiu o "dinamismo do relacionamento bilateral", não há motivos para o Brasil romper relações com a Venezuela.
"Pelo contrário, diálogo e negociação, e não isolamento, são a chave para a construção de qualquer solução pacífica e duradoura na Venezuela", disse, acrescentando que a crise política venezuelana não deve ser resolvida com sanções e isolamento por parte de outros países:

"A solução precisa ser construída pelos próprios venezuelanos, e não imposta de fora com mais sanções e isolamentos. Isso nós já vimos que não funciona. Não podemos cometer os erros que cometemos na época da autoproclamação de Juan Guaidó como presidente, em 2018."

Segundo ele, na época o governo brasileiro apoiou a oposição "em detrimento do diálogo", e o atual governo prima pela defesa da democracia, pela não ingerência em assuntos internos. O ministro argumentou que a preocupação brasileira em relação ao processo eleitoral venezuelano tem relação com os Acordos de Barbados, dos quais o Brasil participou.
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Relembre o caso

Nos últimos meses, as relações entre os dois países sul-americanos se tornaram tensas, após a polêmica eleição presidencial vencida por Nicolás Maduro.
O resultado foi contestado pela oposição, que afirmou, com base em uma contagem paralela, que a vitória teria sido do opositor Edmundo González, com 67% dos votos.
Na época, o presidente venezuelano prometeu aos seus interlocutores brasileiros apresentar as atas que comprovariam sua vitória eleitoral. "Algo nos foi dito e não foi cumprido", comentou o assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim.
Devido à ausência das atas, países como Argentina, Equador, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana, Peru e Uruguai reconheceram a vitória de González, o que levou à quebra de relações diplomáticas entre a Venezuela e esses países. Na sua posição de líder regional e garantidor do processo eleitoral venezuelano, segundo o Tratado de Barbados, o Brasil foi alçado ao cargo de mediador entre as partes, servindo também de conselheiro para os Estados Unidos e para a Europa sobre a situação.
Após as declarações de Amorim, o governo da Venezuela revogou a custódia do Brasil na Embaixada da Argentina em Caracas.
A última rusga entre Brasília e Caracas ocorreu na cúpula dos chefes de Estado do BRICS em Kazan, na Rússia, quando o Brasil se opôs à incorporação da Venezuela ao grupo. Como resposta, a chancelaria venezuelana acusou o Itamaraty de conspirar contra o país e classificou o gesto como uma "agressão".
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