O embaixador russo na ONU, Vasily Nebenzya, condenou a ação como "chocante", enquanto o vice-embaixador norte-americano, Robert Wood, defendeu o veto, afirmando que os EUA não poderiam apoiar um cessar-fogo "incondicional".
O novo rascunho de resolução foi preparado pelos dez membros não permanentes do Conselho de Segurança (CSNU). Em particular, o texto exigiu "um cessar-fogo imediato, incondicional e permanente, que deve ser respeitado por todas as partes", e também reiterou sua demanda pela "libertação imediata e incondicional de todos os reféns".
A resolução havia sido aprovada por 14 dos 15 membros do CSNU. Apenas os EUA foram contrários.
Além disso, o documento rejeitava "qualquer tentativa de matar de fome os palestinos" e exigia o fornecimento imediato de ajuda humanitária à população civil no enclave, necessária para a sobrevivência. O texto também defendia a importância de facilitar "a entrada total, rápida, segura e desimpedida de ajuda humanitária na escala necessária" em Gaza.
Desde o início da escalada do conflito palestino-israelense, o Conselho de Segurança da ONU tem tentado repetidamente ajudar a parar os combates no enclave. Projetos de resolução, incluindo os de autoria russa, sobre um cessar-fogo em Gaza foram vetados pelos membros ocidentais liderados pelos Estados Unidos.
Documentos aprovados pelo Conselho de Segurança com uma demanda quase idêntica, parar os combates durante o mês do Ramadã, foram considerados não vinculativos por Washington. O Conselho de Segurança, no entanto, adotou quatro resoluções, a última das quais criada a partir do plano fracassado do presidente dos EUA, Joe Biden, de um cessar-fogo gradual na Faixa de Gaza.
O novo texto, rejeitado pelos EUA, exigiu entre outras coisas que as partes nas hostilidades implementassem "totalmente, incondicionalmente e sem demora" a Resolução 2735, o plano de Biden para um cessar-fogo em fases.
O documento também detalhou o papel da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA) separadamente. Os autores chamaram a agência de "a espinha dorsal da resposta humanitária" em Gaza e pediram às partes que a deixassem "cumprir seu papel".
O rascunho de resolução também exigiu que as partes cumprissem suas obrigações sob o direito internacional em relação aos detidos e pediu "total conformidade" com o direito internacional humanitário, particularmente com relação à proteção de civis e objetos civis.
Secretaria-geral da ONU lamenta veto dos EUA
A Organização das Nações Unidas (ONU) lamenta que o Conselho de Segurança não tenha adotado uma resolução sobre um cessar-fogo em Gaza depois que os Estados Unidos bloquearam o rascunho do documento, disse Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral, António Guterrez.
"Este é outro exemplo da lamentável falta de consenso que vemos no Conselho de Segurança entre os Estados-membros e, francamente, a falta de implementação de resoluções anteriores sobre Gaza", disse Dujarric durante um briefing.
O secretário-geral da ONU continuará a apoiar todos os esforços para ver o fim do conflito em Gaza, alcançar a libertação incondicional de todos os reféns e implementar a solução de dois Estados, acrescentou o porta-voz.