Em 19 de novembro, as tropas ucranianas usaram mísseis de longo alcance ATACMS dos EUA e Storm Shadow do Reino Unido para atingir as regiões russas de Kursk e Bryansk.
Em resposta, em 21 de novembro, a Rússia atacou instalações do complexo industrial-militar ucraniano na cidade de Dnepropetrovsk (Dniepre, na denominação ucraniana).
Pela primeira vez, um dos mais novos sistemas russos de mísseis de médio alcance Oreshnik foi testado em condições de combate, com um míssil balístico hipersônico, neste caso, sem ogivas nucleares.
Meia hora antes do lançamento do míssil Oreshnik, a Rússia enviou um aviso automático de lançamento aos Estados Unidos por meio do Centro Nacional de Redução de Ameaças Nucleares, a entidade que, entre outras coisas, mantém o contato com outras Estados sobre atividades com armas nucleares, relatou anteriormente o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov.
Korotchenko explica que o Oreshnik voa em uma trajetória balística alcançando o espaço próximo. Consequentemente, os sistemas de alerta de mísseis detectam-no.
Porém, no momento do lançamento, é impossível para qualquer sistema determinar o tipo de míssil, seja balístico de médio alcance ou balístico intercontinental, e identificar o alvo que vai alcançar.
"Portanto, nesse caso, o lançamento é interpretado, a priori, como o lançamento de um míssil balístico intercontinental, possivelmente com uma ogiva nuclear", disse o especialista.
Korotchenko enfatizou a importância da notificação feita por Moscou a Washington, em que a Rússia esclarecia que não se tratava de um míssil intercontinental, não ameaçava os EUA e seus aliados e a ogiva não era nuclear.
"Assim, a Rússia removeu antecipadamente os possíveis riscos de os norte-americanos interpretarem erradamente o lançamento em si. Dessa forma, evitamos o pior cenário possível. Se essa notificação não tivesse sido feita, até mesmo um único lançamento poderia ter sido considerado por Washington como um possível ataque contra os Estados Unidos", afirmou.
Em sua opinião, os EUA, tendo sido notificados, também informaram imediatamente seus parceiros nucleares, como o Reino Unido e a França, sobre o lançamento russo, também para descartar qualquer interpretação errônea.
"Assim, o aviso [...] é uma evidência da alta responsabilidade da Rússia para com o mundo inteiro. Não fizemos isso para Biden, mas para a segurança do mundo inteiro", enfatizou o interlocutor da agência.
Ele disse que esse é um exemplo para outros países com tecnologia de mísseis nucleares de que, em um período difícil de turbulência internacional, é importante garantir que o outro lado entenda corretamente suas ações.