Nesta quinta-feira, os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, do Planejamento, Simone Tebet, e da Casa Civil, Rui Costa, fizeram uma coletiva de imprensa para dar detalhes do pacote anunciado na noite de ontem. A questão que fica, no entanto, é que bons planos econômicos costumam ser claros, sem precisar de muitas explicações, o que, em parte, justifica a reação do mercado ao especular sobre as medidas que deverão ser adotadas.
Segundo o ministro Haddad, o ponto central do pacote é que ele prevê um corte de gastos de R$ 70 bilhões em 2025 e 2026, resultado de uma série de medidas que incluem a limitação para o crescimento do salário mínimo, restrição para o abono salarial e um aumento nos impostos dos chamados super-ricos. Como resultado do anúncio, nesta quinta-feira (28) o dólar abriu em alta e encostou novamente nos R$ 6.
Apesar das expectativas do mercado, especialmente sobre o ponto que tange o IR, a equipe econômica do governo anunciou que a questão será trabalhada apenas em 2025, o que demonstra que a estratégia de antecipação das medidas para combater os ruídos e vazamentos, não foi assim tão bem recebida pelos agentes financeiros.
Isentar o IR do "pobre" foi uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que eleva o atual limite de isenção de quem ganha até R$ 2.824,00 por mês para R$ 5.000,00 — uma medida que vai impactar diretamente na arrecadação do governo e limitar a receita do governo, consequentemente colocando sob risco a capacidade de investimento e financiamento de dívidas, por exemplo.
A moeda brasileira tem sofrido uma desvalorização acentuada há semanas, conforme aumenta a cautela dos investidores com a condução das contas públicas, aumentando o grau de desconfiança dos agentes financeiros quando as projeções ficam nebulosas diante do ceticismo gerado por medidas impopulares.
Na última sexta-feira (22), o governo anunciou um bloqueio de R$ 6 bilhões no orçamento deste ano, totalizando R$ 19,3 bilhões já bloqueados nos últimos meses para tentar compensar o avanço das despesas obrigatórias, como gastos com a previdência.