Durante escavações realizadas pela Universidade de Sheffield na vila de Scremby, no distrito de Lincolnshire, na Inglaterra, arqueólogos encontraram um cálice multicolorido de liga de cobre esmaltado em um túmulo — que mais tarde foi identificado como pertencente a uma mulher — do século VI d.C.
Junto ao artefato raro apelidado de "Cálice Scremby", também foram encontrados dois broches circulares e um par de pulseiras.
De origem romana, mas incluído em um contexto funerário anglo-saxão, o cálice tem 5,7 centímetros de altura e pode conter aproximadamente 280 mililitros de líquido. Motivos inseridos de meias-luas e formas de coração foram moldados na superfície de liga de cobre do recipiente e, em seguida, preenchidos com esmalte vermelho, água-marinha e roxo-azulado profundo.
O "Cálice Scremby" multicolorido de liga de cobre esmaltado tem 5,7 centímetros de altura e pode conter aproximadamente 280 mililitros de líquido encontrado em um túmulo do século VI d.C.
© Foto / Willmott et al., European Journal of Archaeology (2024)
Segundo os pesquisadores, ele foi criado usando a técnica de fundição de cera perdida evidenciando técnicas do artesanato romano, e que tanto o estilo, quanto os materiais, sugerem que o cálice possa ter sido importado da França para a Inglaterra em meados do século III d.C.
Para os pesquisadores, o fato de o cálice ter sido encontrado intacto e funcional, ao lado da cabeça da falecida, pode apontar para um potencial papel cerimonial ou ritual para o enterro. Mas o que foi curioso, na opinião dos pesquisadores, foi que a análise de resíduos do interior do cálice revelou traços crus e não aquecidos de gordura de porco, sugerindo usos não culinários.
Visão de digitalização 3D do cálice encontrado no túmulo em Scremby, Lincolnshire, Inglaterra
© Foto / Willmott et al., European Journal of Archaeology (2024)
A gordura pode ter tido uma função medicinal ou cerimonial, de acordo com pesquisadores, o que é consistente com os relatos de textos bizantinos do século VI sobre o uso de gordura de porco para tratar infecções. Mas, como o cálice romano chegou a ser utilizado no contexto fúnebre anglo-saxão, ainda é um mistério.
Pesquisadores acreditam em duas teorias primárias sobre a chegada do cálice: ele pode ter sido recuperado de um enterro romano anterior, ou guardado e mantido como uma espécie de relíquia ou herança de família.