Fundador e CEO da Sage Networks, Daniel Damito diz que o Brasil se destaca por ter o maior número de sistemas autônomos (ASNs) no mundo, com mais de 20 mil companhias e provedores independentes.
"Tudo o que acontece aqui é muito à frente do resto do mundo, para o bem e para o mal. Sofremos mais ataques, mas também já testamos e superamos desafios maiores do que outros países", afirma.
Os ataques distribuídos de negação de serviço (DDoS), que sobrecarregam redes e sistemas até os tornarem inoperantes, são ameaças preocupantes, segundo ele, que é dono da empresa que diz proteger cerca de 20% da Internet brasileira.
Qual o papel dos pequenos provedores no Brasil?
Presidente da Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint), Mauricélio Oliveira afirma que o mercado brasileiro é dominado por pequenos provedores, responsáveis por 54% do market share.
"Essas empresas levaram fibra ótica para praticamente todas as cidades brasileiras, conectando áreas que antes eram ignoradas pelas grandes operadoras", comenta.
Além disso, ele destaca a proximidade e o suporte oferecidos por essas companhias como um diferencial:
"A qualidade do atendimento dos pequenos provedores atrai os usuários, mesmo em grandes centros urbanos. É um mercado muito concorrido, com até cinco empresas competindo em uma única cidade."
O que diferencia a Internet brasileira do resto do mundo?
Apesar dos avanços, o Brasil ainda enfrenta contrastes preocupantes. Oliveira cita um dado alarmante do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que aponta que há mais residências conectadas à Internet no Brasil do que com saneamento básico.
Para ele, isso reflete o papel importante da conectividade no cotidiano, mas também a desigualdade estrutural do país. "Hoje, mesmo em áreas remotas, o acesso à Internet é semelhante ao das capitais."
A forte demanda cultural por Internet, somada à atuação das pequenas companhias, explica o crescimento do setor. "A conectividade no Brasil já superou barreiras geográficas e econômicas."
Para Oliveira, que participou pela primeira vez, o evento reforça a importância da governança e das discussões técnicas. "É um espaço valioso para pequenos provedores e para o avanço do setor no Brasil."
"A Internet brasileira é um fenômeno cultural e econômico, mas precisamos equilibrar avanços tecnológicos com melhorias estruturais", finaliza.