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Com apenas 1 mês no cargo, primeiro-ministro da França terá moção de censura analisada no parlamento

A Assembleia Nacional da França analisará, na próxima quinta-feira (16), a primeira moção de censura apresentada contra o novo primeiro-ministro François Bayrou pelo partido de esquerda França Insubmissa (LFI, sigla em francês). O político foi indicado pelo presidente Emmanuel Macron há apenas um mês.
Sputnik
Com apenas um mês no cargo, François Bayrou enfrentará uma moção de censura, instrumento que já havia custado o cargo a seu antecessor, Michel Barnier. Para a sua aprovação, os votos da esquerda não serão suficientes sem o apoio de todos os aliados do bloco Nova Frente Popular e do partido de direita de Marine Le Pen.
A líder do LFI no parlamento, Mathilde Panot, anunciou a moção de censura após o discurso de declaração política de Bayrou. Como o governo não detém maioria absoluta, Bayrou optou por não realizar a tradicional votação de confiança — assim como fizeram os primeiros-ministros anteriores de Emmanuel Macron, Élisabeth Borne e Gabriel Attal. Embora não obrigatória, essa prática política é vista como um gesto de respeito aos parlamentares.
A moção foi assinada pelo número mínimo necessário de deputados para ser levada à votação — 58 parlamentares do LFI. O líder da bancada verde, Cyrille Chatelain, declarou que seus deputados também apoiarão a moção de censura da esquerda.
No entanto, segundo a mídia francesa, "essa moção não preocupa o Palácio de Matignon", já que as chances de aprovação são mínimas. Ao todo, seriam necessários os votos de 71 deputados do LFI, 38 dos verdes e 66 socialistas. Contudo, os socialistas, liderados por Olivier Faure, ainda não decidiram sua posição.
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Faure exige a revogação da reforma previdenciária e aguarda uma posição mais clara de Bayrou sobre o tema. Em seu discurso, o primeiro-ministro afirmou estar disposto a revisar, mas não a revogar a reforma, concedendo três meses para negociações. Caso não haja consenso, a reforma atual, que aumenta a idade mínima de aposentadoria para 64 anos, será aplicada.
Mesmo com o apoio dos socialistas, a moção alcançaria apenas 175 votos, longe dos 289 necessários para a aprovação no parlamento de 577 deputados.
A bancada do partido de direita Reagrupamento Nacional, de Marine Le Pen, a maior oposição no Parlamento (124 deputados), também não pretende votar contra Bayrou no momento. Le Pen afirmou que observará suas ações, especialmente no que diz respeito ao orçamento de 2025, ainda pendente de aprovação. No entanto, se sua bancada apoiar a moção, isso poderá levar à queda do governo, que pode mergulhar a França em uma crise política e financeira.

França teve 4 primeiros-ministros em 2024

Em 2024, a França já teve quatro primeiros-ministros, um recorde histórico. Após a dissolução do parlamento e das eleições antecipadas em julho, nas quais nenhuma força política obteve maioria absoluta, Emmanuel Macron levou 50 dias para nomear um novo chefe de governo. O último gabinete, liderado por Michel Barnier, foi destituído após três meses por uma moção de censura da oposição — a primeira desde 1962.
Segundo uma pesquisa da empresa Elabe, 62% dos franceses são contra a dissolução do governo, embora não aprovem sua composição e duvidem que traga as mudanças desejadas. Uma nova queda do governo reacenderia o debate sobre a renúncia do presidente Emmanuel Macron. De acordo com uma pesquisa do Conselho Superior de Audiovisual (CSA, na sigla em francês), 58% dos franceses desejariam que Macron renunciasse caso o governo Bayrou fosse destituído por uma moção de censura.
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