Importância estratégica torna o mar palco de tensões e disputas geopolíticas
"Você tem um conflito entre reivindicações históricas por parte da China. É com base nisso que ela chega avançando pelas zonas econômicas especiais das Filipinas, da Malásia, do Vietnã, construindo instalações militares e ilhas artificiais, com base na linha dos nove traços, reivindicada por Pequim", explica o professor da FESPSP.
"Não há nenhuma grande disputa, desentendimento entre as autoridades de Hanoi e Pequim sobre a questão de Paracel", destaca.
Como os EUA podem interferir no assunto?
"A parte mais problemática é o conjunto de ilhas, as ilhas Spratly. Elas alcançam desde regiões bem próximas da ilha filipina de Palawan, que está dentro das 200 milhas náuticas que consideram isso como água territorial das Filipinas; alcançam até algumas ilhas mais próximas da Malásia, que não têm grande contestação; [alcançam] até mesmo [ilhas mais próximas] de Brunei", contextualiza o especialista.
"Acredito que o [Donald] Trump [presidente norte-americano] possa tentar acordos entre China e Filipinas, por exemplo, e [tentar] esfriar um pouco as retóricas de conflito que a gente está vendo na região", analisa Coelho.
"Eu acho que é muito difícil. Não interessa à China, não interessa em nada às Filipinas — que é a parte ainda mais vulnerável — e não interessa aos Estados Unidos da América", pontua.
"Não é simplesmente 'a China está tomando conta e os americanos estão tentando defender a região argumentando mares livres de navegação'. Vamos tentar imaginar o seguinte: se a China tivesse um aliado muito próximo no mar do Caribe, que fosse, digamos, Porto Rico, e tem um acordo militar com Porto Rico e decide nas regiões do mar do Caribe colocar várias bases, frotas navais — como a sétima frota naval americana está ali no Pacífico —, ter um monte [de embarcações] da Marinha chinesa naquela região", reflete Unzer.
"Claro que os Estados Unidos vão falar assim: 'Não, é questão de vitalidade nossa a saída para o Caribe'. É isso que está acontecendo na região do Pacífico. Os chineses estão buscando o espaço deles de soberania para a própria sobrevivência econômica, e é claro que isso vai muito além das questões da legalidade de decisões da corte de Haia, que tenta reger algumas coisas na ordem internacional", finaliza.