O vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, afirmou que os Estados Unidos continuarão liderando o desenvolvimento em IA e alertou a Europa contra regulamentações excessivas que possam sufocar a inovação ou censurar a liberdade de expressão. Ele destacou que o governo Trump garantirá que os sistemas de IA mais poderosos sejam construídos nos EUA, com chips projetados e fabricados no país.
Nesta terça-feira (11), como parte da agenda America First (América em Primeiro Lugar), os EUA se recusaram a assinar um comunicado na cúpula de IA em Paris, que foi assinado por cerca de 60 países e pede uma IA aberta, inclusiva, transparente, ética, segura e confiável. O Reino Unido também não assinou o comunicado, considerando a redação muito restritiva. A postura mais dura dos EUA ocorre em meio à crescente competição com a China em desenvolvimentos de IA, como fabricação de chips e chatbots.
Recentemente, a chegada de um novo modelo de IA de baixo custo de uma startup chinesa, o DeepSeek, surpreendeu grupos do Vale do Silício como a OpenAI. Enquanto isso, a Europa busca uma posição na indústria para evitar dependência excessiva dos EUA ou da China, com líderes europeus anunciando € 200 bilhões (cerca de R$ 1,1 trilhão) em investimentos em data centers e clusters de computação.
Vance sugeriu que os EUA estão dispostos a trabalhar com outros países, mas apenas em seus próprios termos, promovendo regimes regulatórios que incentivem a criação de tecnologia de IA, e criticou países como a China.
"Fazer parceria com eles [chineses] significa acorrentar sua nação a um mestre autoritário que busca se infiltrar, cavar e apreender sua infraestrutura de informações", alegou Vance, referindo-se a CCTV e 5G como exemplos de "tecnologia barata [...] fortemente subsidiada e exportada por regimes autoritários", segundo o Financial Times (FT).
A declaração conjunta assinada por países como China, Índia e Alemanha enfatizou a cooperação internacional na governança da IA, o que desanimou os EUA, que também estavam preocupados que a fundação Current AI, lançada pela França, fosse usada para canalizar dinheiro para países de língua francesa, esvaziando potencial financiamento que poderia ser direcionado a Washington.
O discurso de Vance foi visto como uma mudança radical de postura em relação ao governo do ex-presidente americano Joe Biden. A cúpula do presidente francês, Emmanuel Macron, buscava alternativas ao impulso liderado pelos EUA para desenvolver tecnologias de IA, mas Vance quis demonstrar que os EUA estariam supostamente liderando o setor, em uma tentativa de minimizar as chances europeias de competir no mercado.