"Que os EUA façam seu trabalho para realizar detenções, para evitar a venda de entorpecentes em seu país e o tráfico de armas para o México", declarou. Segundo Sheinbaum, a colaboração e coordenação binacional não se limitam ao intercâmbio de informações de inteligência para que detenções sejam realizadas no México.
"Nos EUA também há crime organizado, e há estadunidenses que vêm ao México para realizar essas atividades ilícitas", acrescentou.
Além disso, o governo mexicano afirma que a maior parte do armamento em poder das organizações criminosas no país é de origem norte-americana. "A droga passa de um lado para o outro, do México para os EUA, e também as armas dos EUA para o México. É evidente que há cidadãos envolvidos dessas e provavelmente de outras nacionalidades", pontuou Sheinbaum.
A presidente se referiu em particular ao tráfico do opioide sintético fentanil nas cidades norte-americanas, uma droga que já causou mais de 100 mil mortes por overdose no país vizinho.
"A questão não é apenas que a droga passe do México. Nos EUA, há quem distribua essa droga para o grande consumo, em particular de fentanil. O certo é que o principal consumo de drogas no mundo está nos EUA", enfatizou.
Sheinbaum afirmou também que a atual administração reforça o caráter transnacional do crime organizado, enquanto o homólogo norte-americano, Donald Trump, apenas designa as máfias mexicanas como "organizações terroristas estrangeiras".
Na semana passada, os dois líderes concordaram, em uma ligação telefônica, em adiar por um mês a imposição unilateral de tarifas às exportações mexicanas. O acordo implica que o país latino-americano reforce a segurança fronteiriça com 10 mil guardas, e os EUA se comprometem a impedir o tráfico ilegal de armas.
Em 2021, o México iniciou uma ação em um tribunal federal dos EUA contra fabricantes de armas do país, que foram acusados de negligência em relação ao comércio ilegal de armamentos. No dia 4 de março, haverá uma audiência na Suprema Corte dos EUA sobre esse caso.
A equipe jurídica da chancelaria mexicana tem como base um relatório do governo dos EUA que revela que, a cada ano, cerca de 200 mil armas norte-americanas são traficadas ilegalmente para o território mexicano.