Dias após o anúncio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta sexta-feira (14), que o Brasil será "recíproco" caso a promessa de elevar as tarifas seja realmente concretizada. "Eu ouvi dizer que vai taxar o aço brasileiro. Se taxar o aço brasileiro, nós vamos reagir comercialmente, vamos denunciar à Organização [Mundial] do Comércio ou vamos taxar os produtos que a gente importa deles", declarou em entrevista à Rádio Clube do Pará. Lula realiza uma intensa agenda em Belém desde a última quinta (13).
Em 2024, o Brasil foi o segundo maior fornecedor de metais para os EUA, vendendo 4,08 milhões de toneladas no acumulado do ano, ou 15,5% do total importado pelos Estados Unidos — um montante equivalente a US$ 2,99 bilhões (cerca de R$ 16,8 bilhões).
"Sinceramente, não vejo nenhuma razão para o Brasil procurar contencioso com quem não precisa. Agora, se tiver alguma atitude com o Brasil, haverá reciprocidade. Não tem dúvida, haverá reciprocidade do Brasil em qualquer atitude que tiver contra o Brasil", acrescentou o presidente brasileiro.
EUA têm superávit comercial com o Brasil, diz Lula
Durante a entrevista, Lula também lembrou que os Estados Unidos têm superávit comercial com o Brasil, já que vendem mais bens e serviços do que compram do país. A declaração ocorre em meio às justificativas do presidente Donald Trump de que as tarifas ocorrem por conta de relações desiguais de vários países do mundo com os EUA.
"A relação do Brasil com os Estados Unidos é uma relação muito igualitária. Ou seja, eles importam de nós US$ 40 bilhões [R$ 228,5 bilhões], nós importamos deles US$ 45 bilhões [R$ 257,1 bilhões], afirmou Lula.
Conforme anúncio da Casa Branca, a expectativa é de que as novas tarifas de importação comecem a valer em algumas semanas, enquanto um estudo sobre as relações comerciais norte-americanas com cada país será concluído até o dia 1º de abril.
Washington também cancelou as isenções de taxas e cotas de seus principais fornecedores desses materiais, que são o Canadá, o México e o Brasil. "Hoje estou simplificando nossas tarifas sobre aço e alumínio. São 25%, sem exceções ou isenções", declarou Trump à época.
As novas tarifas anunciadas por Trump, que são adicionais às taxas já existentes, geraram preocupações nas siderúrgicas asiáticas com o impacto nos preços, a lucratividade e os volumes, além de temores de aumento da inflação e prejuízos à atividade econômica.