A medida foi aprovada com 129 votos a favor, 108 contra e 6 abstenções. "Está aprovado, serão feitas as comunicações correspondentes", anunciou o presidente da Câmara dos Deputados, Martín Menem, durante a sessão especial, que ocorreu em meio a um protesto massivo contra o governo.
A sessão foi marcada por momentos de tensão, incluindo acusações da deputada governista Marcela Pagano contra o próprio presidente da Câmara, que, segundo ela, teria compartilhado um áudio entre parlamentares da base para tumultuar o debate.
Enquanto os deputados discutiam o pedido de um novo empréstimo ao FMI, manifestações se intensificaram nas proximidades do Congresso. Os atos foram impulsionados por aposentados, que sofrem com a desvalorização de seus benefícios após cortes fiscais que reduziram suas aposentadorias para cerca de US$ 320 (R$ 1,8 mil).
Diante do risco de confrontos, mais 2 mil policiais foram mobilizados nas imediações do parlamento, uma semana após uma repressão que deixou mais de 100 detidos e vários feridos, incluindo o fotógrafo Pablo Grillo, que segue internado após ter sido atingido na cabeça por um cartucho de gás lacrimogêneo.
O governo usou telas nas estações de trem para alertar que a polícia "reprimirá qualquer atentado contra a República", reforçando a mensagem de que "protesto não é violência".
Oposição contesta nova dívida com o FMI
No Senado, a principal coalizão opositora, Unión por la Patria (peronista), enviou uma carta à diretora do FMI, Kristalina Georgieva, informando que não reconhecerá a dívida nem os compromissos assumidos pelo governo Milei.
Os senadores oposicionistas argumentam que o novo endividamento viola a Constituição, que determina que tratados com organismos internacionais devem ser aprovados pelo Poder Legislativo. Além disso, lembraram que a Lei de Fortalecimento da Sustentabilidade da Dívida Pública, sancionada em 2021, exige a aprovação do Congresso para qualquer novo programa de financiamento do FMI.
Estimativas da imprensa local indicam que o novo empréstimo pode variar entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões (R$ 56,4 bilhões e R$ 112,9 bilhões).
O governo Milei negocia há meses um novo crédito, que se somaria à dívida de US$ 44 bilhões (R$ 248,4 bilhões) contraída entre 2018 e 2019, durante o governo de Mauricio Macri. Atualmente a Argentina deve ao FMI cerca de US$ 40,7 bilhões (R$ 229,7 bilhões), conforme dados atualizados até 28 de fevereiro.
Com eleições legislativas marcadas para outubro, o novo endividamento e seus impactos na economia devem ser temas centrais na disputa política nos próximos meses.