"A Europa, nos dois conflitos mundiais, literalmente se suicidou em termos geopolíticos, lembrando que a França e o Reino Unido, a Itália e a Alemanha tinham basicamente o domínio quase total da África, de boa parte da Ásia, a Índia, o domínio britânico eram as maiores potências coloniais do mundo", afirma.
"O soft power europeu é baseado no modo de vida europeu, no bem-estar da Europa, na situação de melhoras das condições humanas, no welfare state, na educação de graça, na saúde pública e uma certa segurança também. Isso tudo está começando a ser colocado em xeque por uma crise econômica que nunca parou desde 2008", destaca o especialista.
"A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, está sendo literalmente humilhada por Donald Trump, porque não nas palavras, mas nos fatos, Trump está relembrando o quanto ela é irrelevante no cenário internacional. […] Na Ucrânia, a Europa sequer teria uma voz única, não teria nada para colocar no terreno, sequer dinheiro para colocar na mesa, para ganhar algum tipo de relevância, de margem negocial e, portanto, as negociações de paz vão continuar sendo entre Estados Unidos e Rússia."
"Então esse afastamento dos europeus em relação à Rússia acabou também diminuindo, digamos assim, o crescimento europeu", afirma.
"Então tem sido dito aí que o Trump queria 'Make America Great Again', mas ele está fazendo o 'Make Europe Great Again'. Nunca ninguém fez tanto pela União Europeia como tem feito agora o Donald Trump. Ele tem realmente contribuído para essa maior integração europeia nessa área militar, nessa área geopolítica. Então realmente os analistas têm percebido um pouco isso, que ao se afastar um pouco dos europeus ele acaba realmente unindo ainda mais os europeus e justamente nessa área militar", afirma.