O texto ainda prevê descontos progressivos no IR para quem receber entre R$ 5 mil e R$ 7 mil por mês e vai gerar um impacto de R$ 26 bilhões na arrecadação. A expectativa do governo é compensar a perda com a taxação de mais de 141 mil pessoas que recebem mais de R$ 50 mil por mês (0,13% dos contribuintes brasileiros). Diante disso, Haddad mostrou confiança na aprovação do projeto pelo Congresso, que inclusive ganhou apoio de um dos mais ferrenhos opositores do governo, o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG).
"Eu tenho certeza que mesmo a extrema-direita não vai ter argumento para não aprovar essa medida. Não consigo enxergar alguém da extrema-direita subir na tribuna [do Congresso] e justificar a cobrança de imposto de renda de quem ganha R$ 5 mil", declarou em entrevista ao programa "Bom Dia, Ministro".
Além disso, Haddad lembrou que o governo quer tributar a remessa de dividendos ao exterior destinada a cidadãos estrangeiros.
"Tem muita gente que tem renda que concorda com a justiça social. Não é porque a pessoa tem renda que ela vai deixar de votar num projeto justo. Você pode ter certeza, muita gente ali [representada no Congresso], empresário, fazendeiro, vai votar a favor desse projeto porque sabe que ele é justo. Ele sabe que tem que ter um imposto mínimo para super-ricos, que é de 10%", acrescentou o ministro.
Mais ricos pagam somente 2,54% de alíquota efetiva do IR
Enquanto os 0,13% dos contribuintes brasileiros mais ricos pagam somente 2,54% de alíquota efetiva média de imposto de renda (por conta da isenção sobre a maior parte dos rendimentos), dados da Receita Federal mostram que o trabalhador com carteira assinada tem, em média, 69,18% da renda tributada em 27,5%.
"Os super-ricos que pagam imposto não são tocados pela medida. Você está falando dos super-ricos que não pagam imposto", justificou Haddad.
Quando a proposta foi apresentada pelo governo, na última terça (18), os presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, se manifestaram e acenaram sobre o recebimento da medida. Motta, em seu perfil nas redes sociais, afirmou que receber o projeto no Palácio do Planalto foi uma oportunidade de reafirmar seu compromisso com os brasileiros. Ele também sinalizou que alterações no texto devem ser elaboradas.
Alcolumbre, por sua vez, afirmou que o Senado, com "zelo e responsabilidade", vai analisar a proposta em busca de "justiça social e prosperidade para todos". Caso o projeto seja aprovado nas duas Casas, começará a valer já no ano que vem.