"É importante que os investimentos futuros ou anunciados nas últimas semanas fiquem suspensos durante um tempo, até esclarecer a situação com os Estados Unidos da América", disse Macron em uma reunião com representantes das indústrias que serão mais afetadas pela decisão de Washington. "Não faz sentido que as empresas invistam lá enquanto os EUA atacam a Europa", completou.
Sobre a decisão da União Europeia de não retaliar as tarifas dos EUA, o presidente francês disse que nada está descartado:
"Todos os instrumentos estão sendo considerados: a imposição de tarifas retaliatórias, o uso de mecanismos que temos, como o instrumento anticoerção […], a possibilidade de impor medidas contra serviços digitais dos quais os Estados Unidos se beneficiam muito […], a possibilidade de rever instrumentos de financiamento da economia dos EUA."
A medida anticoerção é a ferramenta comercial da UE para retaliar países que utilizam medidas econômicas e comerciais de forma coercitiva.
A Casa Branca anunciou, na quarta-feira (2), a taxação de 10% sobre todas as importações estrangeiras a partir de 5 de abril, com tarifas mais altas para os países com os quais os EUA têm os maiores déficits comerciais a partir de 9 de abril. No caso da UE, uma tarifa de 20% sobre as importações entrará em vigor em 9 de abril.
Alguns bens ficaram de fora das tarifas recíprocas, como artigos de aço e alumínio, automóveis e autopeças, cobre, produtos farmacêuticos, semicondutores e artigos de madeira, lingotes de ouro, energia e minerais não disponíveis nos EUA.
Na semana passada, Trump anunciou tarifas de 25% sobre a importação de veículos e peças automotivas nos EUA, medida que pode impactar diretamente as grandes montadoras asiáticas, principais exportadoras para o mercado estadunidense.
Em fevereiro, Trump assinou decretos com a imposição de tarifas sobre produtos de Canadá, México e China. No caso do Canadá, o indicador ficou em 25% para todas as importações, com exceção do setor de recursos energéticos, cuja taxa foi definida em 10%.
O mesmo valor foi aplicado ao México, enquanto à China foi determinada uma tarifa adicional de 10%, além das que já existem sobre o comércio entre os dois países.
Posteriormente, Trump anunciou a suspensão da aplicação das taxações ao México e ao Canadá por um mês, após um acordo envolvendo o fortalecimento da segurança nas fronteiras, com o objetivo de combater o tráfico de drogas e o fluxo de imigrantes irregulares.