Analistas: Ocidente precisa esconder abusos ucranianos para manter investimento bilionário em armas
Redação
Equipe da Sputnik Brasil
Ignorados pela imprensa ocidental, os ataques ucranianos contra instalações civis na Rússia só aumentam em número e grau. No início desta segunda-feira (26), as forças russas de defesa antiaérea derrubaram quase uma centena de drones ucranianos em várias regiões do país.
SputnikEm apenas três dias, de 20 a 23 de maio, 788 drones foram destruídos fora da zona da operação especial, de acordo com o Ministério da Defesa da Rússia. A maioria dos alvos eram a população russa e a infraestrutura civil.
Já as Forças Armadas da Rússia têm combatido exclusivamente instalações e infraestruturas militares, como estoques ocidentais de mísseis, drones e outros armamentos que representam uma ameaça para a Rússia.
Ataques de drones sem precedentes
Em entrevista à Sputnik Brasil, o especialista em relações internacionais
João Victor Motta ressaltou que esconder os
ataques a civis por parte da Ucrânia e demonizar as retaliações russas visa, sobretudo,
manter as justificativas para os investimentos bilionários no conflito e em acordos que sejam interessantes para Bruxelas e Washington.
Mestre e doutorando do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas, Motta lembrou ainda que um acordo de paz neste momento só ocorreria com o reconhecimento das repúblicas reintegradas à Rússia e com a recusa à entrada da Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
"A profunda dificuldade estadunidense e europeia de manter-se coerente em conflitos expõe as contradições da profunda crise política em que esses países se encontram, com a profunda dificuldade de os sistemas multilaterais construírem soluções pacíficas e dialogadas."
Comentando esses ataques terroristas incessantes da Ucrânia, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que as tropas ucranianas estão deliberadamente atacando a infraestrutura civil, classificando a resposta da Rússia contra alvos militares na Ucrânia de "retaliação".
Já o chanceler russo, Sergei Lavrov, declarou que Moscou aguarda a reação das Nações Unidas aos ataques de Kiev a alvos civis e às violações dos princípios do conflito ucraniano. Segundo ele, "é impossível não ver" a conexão entre o aumento dos ataques terroristas ucranianos na Rússia e as visitas de políticos europeus a Kiev.
O ministro afirmou ainda que a liderança europeia não perdeu a esperança de atrair Donald Trump, presidente dos EUA, para o lado antirrusso e compartilhar a responsabilidade com Washington pelo
"terror perpetrado pela liderança ucraniana".
Lavrov disse ainda que a Rússia continuará preparando documentos que apontem condições para a resolução do conflito, apesar das provocações e dos
ataques massivos de drones por parte de Kiev.
A pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Estudos Estratégicos e Segurança Internacional (GEESI), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), e cientista política Alana Leal Rêgo também contribuiu para esse debate.
Para ela, a tendência de Kiev de silenciar seus ataques contra civis russos e superdimensionar as respostas de Moscou tem a finalidade tática de controle da narrativa, que ajuda a manter a opinião pública ocidental a favor do envio de armas e do apoio econômico.
"Dentro da União Europeia [UE] há vozes mais cautelosas, como Hungria e Eslováquia, que questionam o envio de armas. Minimizar abusos ucranianos evita dar munição a esses opositores internos."
Logo, reforçou ela, o discurso ocidental privilegia narrativas que legitimam a defesa ucraniana, enquanto os ataques russos são retratados como agressões deliberadas e desproporcionais, e assim constrange a Rússia internacionalmente.
"Ao dar mais visibilidade às respostas russas, o Ocidente busca isolar Moscou diplomática e economicamente, ao mesmo tempo em que silencia ou minimiza as ações ucranianas que poderiam manchar a imagem de 'vítima' de Kiev."
Por outro lado, a cientista política frisou que a postura russa de manter a diplomacia ativa, mesmo em meio a ataques, joga luz ao seu jogo diplomático de demonstrar que o Kremlin está disposto a negociar, projetando uma imagem de razoabilidade para parceiros globais.
"O Ocidente está apostando que a Ucrânia pode desgastar Moscou o suficiente para forçar concessões, mas a Rússia, ao manter a diplomacia viva, quer moldar as condições do cessar-fogo futuro a seu favor."
Rêgo mencionou ainda o cancelamento das restrições ao fornecimento de armas de longo alcance à Ucrânia por parte da UE, que tem entre suas motivações, segundo ela, demonstrar unidade e liderança dentro da OTAN e do Ocidente em geral, fortalecendo sua posição como ator de segurança no continente.
"Isso reforça a ideia de que o Ocidente não quer apenas ajudar a Ucrânia, mas enfraquecer a Rússia estrategicamente."
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