"Então Lula percebe que é o momento de tentar retomar esse esforço de coesão, e com a compreensão de que havia vários outros obstáculos, outras dificuldades, porque você tem países como Equador, Uruguai, Paraguai, que estão ideologicamente ainda à direita, e, consequentemente, você precisa ter um traquejo maior para conseguir trazer todo mundo junto para conseguir investir em grandes projetos", explica.
"O Brasil, hoje, tem convivido com uma dificuldade muito forte do Congresso para aprovar políticas ligadas ao orçamento que possibilitem um bom grau de investimento para essas questões mais estratégicas de infraestrutura, que são bastante dispendiosas. Mas a gente tem, por exemplo, países como o Equador, que tem nenhuma capacidade de investimento e hoje depende quase que exclusivamente de empréstimos do Banco Interamericano de Desenvolvimento [BID], do Banco Mundial."
"É muito bonito você ver uma declaração falando sobre o apoio da região a grandes projetos de saúde, ou a grandes projetos de infraestrutura, ou a grandes projetos de segurança comum, mas você não tem, de fato, um plano de metas, de até onde você pretende estipular, quanto o orçamento de cada país vai ser desenvolvido. Então esse Consenso acaba ficando muito na esfera do ideal", afirma.
"A integração entre esses países poderia estar na ponta de lança desse processo. E é uma coisa, inclusive, em que o Consenso de Brasília falha, porque, se o Consenso de Brasília, focando menos esse desafio mais contingencial de abastecimento de energia dos países, focasse uma renovação da matriz energética e a expansão da capacidade eólica, a expansão da capacidade solar, o desenvolvimento de sistemas de bateria mais eficientes, a gente poderia estar na vanguarda [da transição energética]."