O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prestou depoimento à Polícia Federal (PF) em meio às investigações sobre a atuação do filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), contra autoridades brasileiras nos Estados Unidos. O parlamentar é suspeito de influenciar o governo Donald Trump para impor sanções contra ministros do STF, principalmente Moraes.
Ao deixar a sede da PF, Bolsonaro afirmou que o depoimento não tem nenhuma relação com Carla Zambelli, que está foragida após ter a prisão preventiva decretada pelo Supremo.
"Vi pela imprensa que estou no inquérito também, mas esse assunto não foi tratado. Não tenho nada a ver com a Carla Zambelli, não botei dinheiro no Pix dela, está certo? Realmente acompanhei pela imprensa o caso dela. Hoje eu fui ouvido apenas pela questão dos recursos que eu coloquei na conta do meu filho, que está nos Estados Unidos", disse.
Conforme a Procuradoria-Geral da República (PGR), o filho do ex-presidente é suspeito de crimes como obstrução de investigações sobre organização criminosa e coação. Bolsonaro citou, ainda, uma perseguição judicial contra ele e a família.
"A perseguição continua. O trabalho que ele [Eduardo] faz lá [nos EUA] é pela democracia no Brasil. Não existe lobby para sancionar quem quer que seja no Brasil", disse o ex-chefe de Estado, acrescentando que repassou parte das doações que recebeu via Pix para o filho. "Eu botei R$ 2 milhões na conta dele."
Desde o início do ano, Eduardo Bolsonaro segue nos Estados Unidos e chegou a se reunir com parlamentares republicanos para discutir possíveis sanções contra Moraes, responsável por inquéritos que determinaram o bloqueio de redes sociais como X e Rumble por descumprimento de decisões judiciais.
Caso Zambelli: deputada está na lista de procurados da Interpol
Na última quarta-feira (4), Moraes determinou a prisão preventiva de Zambelli e ainda solicitou que a PF providencie a inclusão do nome da parlamentar na lista vermelha da Interpol, que foi realizada hoje. A medida foi tomada depois de a deputada anunciar ter deixado o país para fazer um tratamento de saúde e que iria solicitar a licença do mandato parlamentar, aos moldes do que fez o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Zambelli foi condenada no último mês a dez anos de detenção por invadir sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com a ajuda de um hacker.
Conforme o g1, a deputada desembarcou na Itália, do qual tem cidadania, onde o deputado italiano Angelo Bonelli já solicitou antecipadamente o seu processo de extradição.
De acordo com Bonelli, foram apresentados questionamentos sobre o tema para os ministros de Relações Exteriores e do Interior da Itália. "A Itália arrisca se tornar um paraíso para golpistas. Esperamos uma resposta rápida do governo", disse.