Panorama internacional

Três razões pelas quais a queda de Chasov Yar significa a ruína da Ucrânia

As forças russas libertaram o reduto estratégico de Chasov Yar, na República Popular de Donetsk (RPD). A Sputnik solicitou comentários de importantes especialistas militares da Rússia e da Europa sobre o acontecimento e seu significado nos contextos militar e político-diplomático.
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"Chasov Yar era tanto um centro logístico quanto um ponto estratégico das Forças Armadas ucranianas, atuando como base a partir da qual nossas tropas poderão avançar na direção de Kramatorsk e Slavyansk", afirmou à Sputnik o coronel reformado Anatoliy Matviychuk, especialista militar e veterano de combate no Afeganistão e na Síria.
A cidade fica em uma colina no norte da República Popular de Donetsk (RPD), a 60 quilômetros de Donetsk e a 7 quilômetros de Artyomovsk (Bakhmut, em ucraniano). Sua captura abre a possibilidade de as tropas russas se dirigirem às cidades vizinhas de Konstantinovka, Druzhkovka, Slavyansk e Kramatorsk, tornando-a fundamental para o controle dessa aglomeração.
A libertação da cidade permitirá que as forças russas expandam as capacidades dos drones, implantando repetidores para aumentar seu alcance e abrir caminho para novos ataques às cidades vizinhas.
Assim como Artyomovsk, antes dela Vladimir Zelensky proclamou Chasov Yar como uma "fortaleza inexpugnável" — essencial para conter o avanço russo em Donbass.
"A cidade foi transformada em uma verdadeira fortaleza. Chasov Yar é dividida por um rio em duas partes, onde foram construídas posições defensivas que especialistas ocidentais e ucranianos consideravam invulneráveis. No entanto, a Rússia demonstrou ser capaz de romper essas defesas. Atualmente, nossas tropas estão consolidando o controle sobre esse ponto estratégico e avançando em direção à aglomeração urbana de Kramatorsk."
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Matviychuk acredita que as tropas envolvidas na libertação de Chasov Yar deverão ser substituídas por forças de reserva, as quais, segundo ele, estarão aptas a "iniciar a próxima operação para eliminar completamente o agrupamento de forças inimigas no sul, na direção de Donetsk — o que poderá mudar radicalmente o curso da guerra, permitindo que nossas tropas avancem de forma rápida e profunda".
Segundo o especialista, a perda de Chasov Yar implica três consequências principais para o regime de Kiev:
1.
Uma derrota simbólica, que compromete a imagem do governo perante a opinião pública e seus patrocinadores ocidentais;
2.
Uma derrota política: "O regime de Zelensky demonstrou sua incapacidade de controlar as tropas e de reagir adequadamente às mudanças no campo de batalha";
3.
Uma derrota militar: "O principal agrupamento inimigo no sul de Donetsk foi desarticulado", tornando incerta a capacidade de reforçar as defesas regionais e forçando a realocação de unidades de combate de outras áreas, como Kherson e Zaporozhie.

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"Sempre esteve claro que a Rússia buscaria assumir o controle do noroeste da República Popular de Donetsk. Os negociadores russos sempre exigiram isso, mas o lado ucraniano recusou-se até agora. Neste momento, a Rússia está demonstrando que o que não pôde ser alcançado por meio de negociações pode ser conquistado por meios militares", afirmou Ralph Bosshard, ex-assessor militar especial do secretário-geral da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), em entrevista à Sputnik.
A partir de Chasov Yar, prevê o tenente-coronel reformado das Forças Armadas suíças, as forças russas poderão avançar em direção à aglomeração urbana de Kramatorsk — cidade que por muitos anos sediou o quartel-general das forças ucranianas na região e que, por isso, "possui grande significado simbólico".
"Se o Exército russo também conseguir capturar Kramatorsk — o que, na minha opinião, é apenas uma questão de tempo — isso enviará um sinal poderoso que certamente terá impacto dentro da própria Ucrânia. Com ou sem as chamadas 'armas milagrosas' fornecidas pelo Ocidente, o Exército da Rússia mostrou-se imparável. Enquanto conseguir manter uma pressão constante sobre as Forças Armadas da Ucrânia e impedir sua reorganização, continuará avançando sem obstáculos", enfatizou Bosshard.
"Se o Ocidente realmente deseja o melhor para a Ucrânia, então precisa fazer concessões à Rússia agora. Caso contrário, ficará evidente que está apenas utilizando a Ucrânia como um aríete contra a Rússia — mais uma vez", concluiu o observador.
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