Ciência e sociedade

Rajada de rádio mais distante já registrada revela segredos do Universo primordial (IMAGENS)

Uma rajada rápida de rádio detectada a mais de 11 bilhões de anos-luz revela detalhes inéditos sobre o Universo jovem. A descoberta, feita com ajuda do telescópio MeerKAT e do James Webb, expande os limites da astrofísica e reforça teorias sobre os magnetares.
Sputnik
Rajadas rápidas de rádio (FRBs, na sigla em inglês) são explosões extremamente breves, com duração de cerca de um milissegundo, que carregam informações valiosas sobre o plasma interestelar. Elas funcionam como sondas naturais que revelam aspectos invisíveis do cosmos, permitindo aos cientistas investigar campos magnéticos e a distribuição de gás no Universo.
A equipe liderada por Manisha Caleb, da Universidade de Sydney, anunciou a descoberta da FRB 20240304B, localizada a um desvio para o vermelho de z = 2,148 ± 0,001. Cosmologicamente, isso significa que o sinal foi emitido cerca de 3 bilhões de anos após o Big Bang, e sua luz percorreu mais de 11 bilhões de anos até alcançar a Terra — uma distância impressionante que torna essa descoberta extraordinária.
1 / 2
Galáxias hospedeiras de rajadas rápidas de rádio.
2 / 2
A galáxia que abriga a FRB 2020304B.
A FRB foi detectada em 4 de março de 2024 pelo radiotelescópio sul-africano MeerKAT. Inicialmente, os pesquisadores não conseguiram identificar sua galáxia hospedeira usando observatórios terrestres e dados de arquivo. No entanto, com o auxílio dos instrumentos NIRCam e NIRSpec do Telescópio Espacial James Webb (JWST, na sigla em inglês), conseguiram localizar a galáxia e confirmar seu desvio para o vermelho espectroscópico.
O sinal da FRB se dispersou a uma taxa de aproximadamente 2.330 parsecs por centímetro cúbico, indicando uma origem extremamente distante. Essa dispersão é causada por elétrons livres no espaço e funciona como uma impressão digital que revela a trajetória e a distância percorrida pelo sinal, oferecendo uma medida precisa da vastidão que ele atravessou.
Ciência e sociedade
Astrônomos detectam enorme bolha de poeira e gás que modelos atuais não podem explicar (FOTOS)
Essa descoberta representa um marco, dobrando o alcance de FRBs previamente localizadas. Ela permite investigar bárions ionizados em cerca de 80% da história do Universo, superando as detecções anteriores, que alcançaram apenas metade do tempo cósmico.
A galáxia onde a FRB teve origem é jovem, de baixa massa e ainda em processo de formação estelar. Isso sugere que ela pode ter sido gerada por um magnetar jovemuma estrela de nêutrons altamente magnetizada — reforçando teorias que associam as FRBs a esses objetos em vez de processos evolutivos mais lentos e indicando que esses eventos podem ocorrer em escalas de tempo relativamente curtas.
A linha de visão da FRB revela estruturas complexas de campo magnético em escalas de gigaparsecs, passando por aglomerados como o de Virgem. Como a FRB surgiu durante o "meio-dia cósmico", período de pico da formação estelar, ela mostra que esses sinais podem ser usados para estudar a evolução galáctica.
Acompanhe as notícias que a grande mídia não mostra!

Siga a Sputnik Brasil e tenha acesso a conteúdos exclusivos no nosso canal no Telegram.

Já que a Sputnik está bloqueada em alguns países, por aqui você consegue baixar o nosso aplicativo para celular (somente para Android).

Comentar