"Quanto às tarifas, as ações contra países como o Brasil [um dos maiores produtores de alimentos do mundo] apenas agravam essa situação. As fronteiras entre os EUA e o México, com mais de 3 mil quilômetros, são passagens para mercadorias legais e ilegais. É possível que dos dois lados da fronteira haja uma especialização nessas práticas ilegais. Analistas internacionais já sinalizam que produtos como suco de laranja e carne bovina são os mais propensos a ser contrabandeados no curto prazo. Agora, os ovos caros também são resultado da crise interna e do desinvestimento federal em fiscalização sanitária, característica do governo [Donald] Trump", alerta.
Novas rotas de contrabando no Indo-Pacífico
Qual o custo político da prática nos EUA?
"O efeito de um aumento de preço causado por tarifas, que não é, portanto, um aumento de preço causado por custo, pode promover o contrabando. Quando é um aumento de preço causado por custo, ele tende a ser mais disseminado, não tem muito para onde fugir, o preço das coisas fica mais caro e pronto, as pessoas ou consomem menos ou têm que arcar com custo. No caso de impostos, justamente gera-se essa distorção de preços: […] quando o imposto é elevado, o produto pode ser bem mais barato em um país do que em outro e gerar o contrabando. Então a tendência é, sim, aumentar."
"Deve haver reações, porque os custos ficam mais altos, e pode haver reviravoltas. O Trump faz declarações, depois volta atrás, tem feito isso de uma forma até meio bagunçada. […] Acho que a gente não vai voltar ao cenário pré-Trump, isso não, mas também não vai ficar como está. Em todos os países vai ter um método meio iterativo, reduzindo algumas das tarifas inicialmente colocadas."