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Nem o presidente do Brasil conseguiria influenciar o Judiciário, dispara senador Nelsinho Trad

Os olhos do mundo estão voltados para o Brasil. Nesta semana que se finda e na próxima, o Supremo Tribunal Federal (STF) julga o que denominam de "núcleo crucial" da chamada trama golpista que se seguiu às eleições de 2022, sob a qual estão sendo reputados o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus.
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Enquanto a mais alta Corte do país faz seu papel, o Congresso Nacional trata de acelerar pautas como anistia aos participantes da trama golpista e dos atos violentos de 8 de janeiro de 2023, além de avançar com tratativas para alterar a Lei da Ficha Limpa.
No exterior, o julgamento chama a atenção principalmente dos Estados Unidos, uma vez que o presidente norte-americano, Donald Trump, é um aliado de Bolsonaro e vem tentando pressionar a Justiça brasileira para que interrompa o que ele considera uma perseguição política ao ex-presidente.
Nessa tentativa de pressão, o governo dos EUA adotou recentemente tarifas de 50% sobre a importação de produtos brasileiros, citando o processo contra Bolsonaro como um dos motivos da decisão. A medida assustou exportadores de diferentes áreas no Brasil, levando as autoridades brasileiras a adotarem medidas de socorro e a intensificarem a busca por novos parceiros.
Sobre esses assuntos, a Sputnik Brasil conversou com Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) no Senado, que defendeu que embora seja um momento delicado, "quando uma porta se fecha, abrem-se janelas". Como exemplo, ele citou que Brasil e Índia assinaram, recentemente, acordos comerciais para expandir os mercados, chancelados pelo Congresso.

"Os dois países, Brasil e Índia, são democracias multiétnicas, e é fundamental que haja convergência também no campo comercial", afirmou o senador, ressaltando o enorme potencial de crescimento dessa parceria. Ele destacou que o comércio entre as duas nações ainda é pequeno, mas as oportunidades de expansão são imensas.

Sobre a proposta de anistia para os envolvidos nos ataques do 8 de Janeiro, o senador se mostrou favorável à ideia, mas com condições claras.
"Eu acho que é necessário separar as coisas. A anistia tem que ser discutida de forma a abarcar aqueles que não estiveram envolvidos diretamente no quebra-quebra", disse, ressaltando a necessidade de um critério que diferencie os manifestantes violentos daqueles "que estavam lá fazendo número", que não se envolveram na destruição do patrimônio público.
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Sobre a tentativa de interferência dos Estados Unidos no poder Judiciário brasileiro, Trad descartou a possibilidade de sucesso.
"Nem o presidente atual do Brasil conseguiria influenciar o Judiciário. Os poderes são independentes. Não tem como você fazer interferência", cravou, deixando claro que qualquer sentença relacionada ao julgamento deve ser respeitada, independentemente da posição do Congresso Nacional.
Quando questionado sobre a proposta de anistia, Trad lembrou de uma frase que ficou marcada em sua geração: "Anistia ampla, geral e irrestrita. A gente cansou de ouvir isso em tudo que é lugar. O Brasil tem um DNA pacífico, de perdoar. Isso vem desde a época do Império." Ele, no entanto, fez questão de afirmar que a anistia deve ser debatida no Congresso, onde as divergências são naturais e "o contraditório existe". O senador acredita que, se houver consenso, a anistia deve ser colocada em pauta para votação.

Diplomacia e neutralidade

Trad também comentou o papel do Brasil nas crises internacionais, especialmente a guerra na Faixa de Gaza e o conflito na Ucrânia. Para ele, o Brasil deve se manter neutro, buscando promover a paz e a cessação de hostilidades. "Ao invés de tomar qualquer lado, o Brasil deveria somar esforços com os organismos internacionais e ficar do lado do cessar-fogo e da paz. Esse sempre foi o procedimento da diplomacia do Brasil", afirmou.
Ele reiterou a posição histórica do Brasil de atuar como mediador em conflitos, destacando que o país deve buscar soluções para evitar mortes de civis inocentes. "Vamos buscar o caminho da paz e da prosperidade".
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Reforma tributária

Quanto à reforma tributária, um dos temas mais debatidos no Congresso, o político se mostrou favorável, mas reconheceu que há certa complexidade na proposta. Segundo ele, há um consenso sobre a necessidade da reforma, mas as discussões sobre como implementá-la variam.
"Se você perguntar lá: 'Você é a favor da reforma tributária?', todo mundo vai falar: 'Sou. Ah, mas tem que fazer isso ou aquilo. Ah, então não. Então já não sou'", disse o senador, ressaltando que a reforma deve focar na redução da carga tributária e na simplificação do sistema.
Ele também afirmou que o Brasil enfrenta um "emaranhado" de impostos, que dificulta o crescimento e o investimento no país. "O que eu quero te dizer é que há que se sentar numa mesa, clarear os pontos que estão em comum e procurar reduzir a carga tributária do Brasil, que é um emaranhado de produto que é tributado com imposto para tudo que é lado, fazendo uma verdadeira anarquia tributária", arrematou.
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