Em entrevista ao canal GloboNews, Padilha chamou de "afronta" e "inaceitáveis" as restrições de circulação que recebeu.
Em nota, o Ministério da Saúde pontuou que a decisão viola o acordo de sede com a ONU e o direito do Brasil de apresentar suas propostas no mais importante fórum global de saúde para as Américas, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
"Em razão dessas limitações infundadas e arbitrárias ao exercício diplomático brasileiro, o ministro […] decidiu não participar das atividades para as quais foi convidado e permanecer no Brasil, dedicado à votação da Medida Provisória do Programa Agora Tem Especialistas no Congresso Nacional, uma prioridade de sua gestão", complementou a pasta.
Ainda de acordo com a Saúde, a medida não é uma retaliação ao ministro, mas ao Brasil e às suas políticas sanitárias.
Ontem (18) Padilha teve o visto liberado pelos Estados Unidos. Entretanto, condições de circulação foram impostas ao titular da Saúde e a seus familiares. Segundo o governo americano, eles não poderiam ir além de cinco blocos do local da hospedagem e da rota do hotel até a sede da ONU.
O ministro aguardava a liberação do documento para acompanhar a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que embarca para Nova York no domingo (21). Padilha chegou a dizer que não estava "nem aí" para a postura americana.
No mês passado, a esposa e a filha do ministro tiveram seus vistos estadunidenses cancelados, em uma ação de Washington contra Padilha por seu papel na organização do programa Mais Médicos, que contratou médicos cubanos temporários para atuar em localidades remotas do Brasil. À época, ele não teve seu visto cancelado pois o documento já estava vencido.
Itamaraty
O ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, comentou o assunto, também nesta sexta-feira (19). Para ele, as restrições "não têm cabimento", são "injustas e absurdas".
Vieira ressaltou que o governo brasileiro pediu a interferência do secretário-geral da ONU, António Guterres, para tentar reaver a situação.