
"Embora os números sejam impressionantes, considerando o tamanho do PCC e o alcance das ações dessa organização criminosa, é de se imaginar que ela não se restringe ao mercado de combustíveis […]. E, pela mesma lógica de raciocínio e pelas informações que levantamos, ficou bastante claro que essa atuação abrange outras facções. Há várias notícias da presença do CV [Comando Vermelho] e de milícias operando diversas modalidades criminais no Rio de Janeiro e em outros estados, […] com uma sofisticação nos métodos de lavagem de dinheiro e diversificação nas atividades", acrescenta.

"Eles [agentes da ANP] têm medo de entrar em muitos lugares, e as forças de segurança deveriam jogar mais pesado [no apoio às fiscalizações]. O mercado fica numa situação delicada e o revendedor trabalha com uma margem cada vez mais apertada. Os custos sobem — luz, aluguel, salário de funcionário — e ele não consegue repassar nada disso por conta da concorrência desleal e da bandidagem que existe. Com isso, a tendência é quebrar. Muitos já fecharam, e os que não resistem acabam caindo na mão deles", conta.
"Também é importante frisar que, mesmo nos postos de gasolina regulares, que não adulteram combustíveis ou não estão ligados ao crime organizado, esses locais acabam muitas vezes sendo obrigados a pagar taxas de proteção aos grupos armados que controlam determinados territórios, especialmente na Região Metropolitana. Essa situação também ocorre em outras localidades, onde há grupos armados que impõem a cobrança aos comerciantes locais", enfatiza.
"Muitas vezes sabemos que ali naquela esquina tem um comércio de peças que não é registrado ou uma oficina que a gente chamaria de fundo de quintal. Mas, com o posto de gasolina, isso não ocorre. Ele demanda toda uma publicidade, estar em local visível e movimentado para que as pessoas possam abastecer o seu carro. Então, em razão dessa visibilidade, se torna excelente para a lavagem de dinheiro. E é nisso que essas novas investigações têm se destacado: primeiro, você tem um comércio que circula muito dinheiro; segundo, pode misturar etanol e outras substâncias para diluir a gasolina; e, terceiro, há uma fragilidade na fiscalização", resume.


"Além disso, um percentual alto de etanol acima dos teores já avaliados pode causar problemas nos motores dos veículos não dotados de tecnologia flexfuel, os quais já são projetados para funcionarem com etanol ou gasolina C em qualquer proporção de mistura", afirma.