"Na medida em que a gente não faz isso, a gente depende de potências externas que dão financiamento de maneira mais fácil, que a gente não precisa estar tão bem-planejado assim. E aí a gente depende deles, das tecnologias. Então isso é uma questão nossa, dos nossos países. Ou seja, basicamente, nossos países são os que têm que tomar a decisão, que têm que enxergar esse caráter estratégico da energia nuclear."
"Se a gente considerar de maneira sistêmica, a energia nuclear não é tão cara como se fala que é. Se considerar todos os benefícios que ela tem, de não ter cortes, de fazer com que outros setores também se desenvolvam […] — que é o setor do agro, de aplicações tecnológicas, de aplicações na parte da indústria, da medicina —, se a gente considerar o conjunto, é difícil de calcular os benefícios da energia nuclear."
"O poder econômico do banco do BRICS pode alavancar a tecnologia nuclear nos novos países aderentes e nos próprios países que já fazem parte desse núcleo inicial. Ao mesmo tempo, considerando que a Rússia e a China são países que têm um desenvolvimento na área nuclear bastante elevado, sendo a Rússia o país que mais exporta usinas nucleares no mundo […], o BRICS pode ser uma grande alavanca, especialmente do ponto de vista do financiamento."
"Políticas realistas, transferência contratual de tecnologia, coprodução, pesquisa e desenvolvimento doméstico contínuo, e consolidação de cadeias regionais é a maneira de superar o colonialismo tecnológico, ou seja, reduzir a dependência e ter um setor mais autônomo."
Indústria nuclear na América Latina
"Mais ou menos na década de 1980, foram assinados vários acordos, principalmente [entre] Brasil e Argentina, e ali eles se comprometiam, digamos, a impulsionar a transferência tecnológica, a pesquisa conjunta, por exemplo, a desenvolver a indústria, mas isso ficou meio que para trás, com governos que depois não tiveram muito interesse em avançar, infelizmente."
"Nós esperamos que essa tormenta política que tem acontecido se acalme ao longo do tempo, porque Brasil e Argentina são indissociáveis e, juntos, são muito mais fortes […]. Então eu acredito que, sem dúvida nenhuma, essa cooperação deve aumentar e nós devemos trazer para a cooperação o México também, que infelizmente é um pouco afastado nessas atividades."
"Os pequenos reatores modulares também têm um papel importantíssimo no Brasil. Um desses papéis é gerar eletricidade em locais isolados. Lembrando que a gente tem um enorme sistema interligado nacional, mas a gente tem uma enorme parte da Amazônia que opera em sistemas isolados. É uma região com baixa densidade populacional, não valeria a pena, do ponto de vista econômico nem ambiental, fazer linhas de transmissão para interligar esses relativamente pequenos núcleos de consumo."