"O aumento de barreiras comerciais nos EUA estimulou que o governo brasileiro diversificasse ainda mais os seus mercados, com vistas a reduzir a dependência de parceiros tradicionais. No caso do Canadá, as negociações estão em curso há alguns anos, e há um interesse mútuo em fortalecer cadeias de valor em mineração, energia e agricultura sustentável — áreas nas quais o Brasil tem grande vantagem comparativa. Neste momento de tarifaço, a conclusão do acordo é benéfica para ambos os lados", resume.
Quem é o líder do Mercosul?
"Acredito que o tarifaço acelera essa busca de diversificação de parceiros, o que se traduz para o Brasil e, obviamente, para o Mercosul. Porém o grupo ainda tem uma divisão bastante clara entre os países, com a Argentina mais alinhada aos EUA, o que de certa forma dificulta a unanimidade dentro do bloco. Também temos agora a Bolívia, que elegeu um presidente mais à direita, o que pode reforçar essa tendência", analisa.
"Sofremos muito o efeito do governante do momento e da ideologia que ele carrega — o que, na minha visão, é um erro. Política externa e política comercial têm que ser pragmáticas, voltadas ao bem-estar da sociedade e do país, não a ganhos momentâneos de um governo de esquerda ou de direita", finaliza.