"Estamos propondo ao chefe de Estado que denuncie o acordo de forma imediata e, consequentemente, suspenda todos os acordos de gás que a Venezuela mantém com Trinidad e Tobago. A nova primeira-ministra desse país, Kamla Persad-Bissessar, decidiu se alinhar à agenda belicista dos EUA para agredir um povo irmão do Caribe", declarou Rodríguez em pronunciamento à televisão estatal venezuelana.
O acordo em questão foi assinado em 2015, válido por dez anos e renovado automaticamente em fevereiro por mais cinco. O texto prevê cooperação energética no aproveitamento de campos conjuntos de gás, desenvolvimento de infraestrutura e execução de projetos no setor de hidrocarbonetos.
Segundo Rodríguez, o documento permite que qualquer uma das partes denuncie o acordo unilateralmente.
Operação da CIA na Venezuela
No domingo (26), o governo da Venezuela denunciou a cumplicidade entre Trinidad e Tobago e a CIA para "provocar uma guerra no Caribe".
De acordo com um comunicado do governo venezuelano, o país insular realizará "exercícios militares" nesta semana, financiados e coordenados pelo Comando Sul dos EUA.
O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, destacou que o plano norte-americano é executar uma "operação de bandeira falsa" durante o exercício. "Atacar um navio militar dos EUA estacionado na ilha e, em seguida, culpar a Venezuela, para justificar uma agressão contra o nosso país", detalhou.
As informações teriam sido obtidas de um grupo de mercenários ligados à CIA detido no domingo.
Os Estados Unidos conduzem uma operação militar na região com o objetivo de combater o tráfico de drogas e, desde agosto, mantêm três navios, com cerca de 4 mil soldados, em águas próximo à Venezuela.
A escalada ocorre em meio ao aumento das tensões bilaterais, após a procuradora-geral dos EUA, Pamela Bondi, anunciar uma recompensa de US$ 50 milhões (R$ 268,6 milhões) por informações que levassem à captura de Nicolás Maduro, acusado por Washington de chefiar uma organização de narcotráfico conhecida como Cartel dos Sóis.
Em resposta, Caracas pediu o apoio do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, diante do que classificou como uma "ameaça dos EUA no Caribe". O governo de Maduro também mobilizou combatentes e reforçou as fronteiras do país para enfrentar qualquer tentativa de incursão norte-americana.