A descoberta reforça a ideia de que esses hominídeos possuíam pensamento simbólico e capacidades cognitivas avançadas.
A pesquisa, conduzida por Francesco d’Errico, da Universidade de Bordeaux (França), analisou 16 fragmentos de ocre com até 70.000 anos encontrados em sítios arqueológicos na Crimeia e na Ucrânia. Usando microscopia eletrônica e varredura por raios X, os cientistas examinaram as composições e marcas nas superfícies para entender como o material foi manipulado.
Um dos achados mais notáveis foi um fragmento de ocre amarelo da Idade Micoquiana (entre 130 mil e 33 mil anos atrás) cuidadosamente raspado até adquirir a forma de um "lápis". A análise mostrou que a ponta havia sido reafiada e reutilizada várias vezes, indicando um uso intencional como instrumento para fazer marcas.
"O formato deliberado e o reuso de bastões de ocre, os motivos gravados e as evidências de ferramentas preservadas apoiam a conclusão de que ao menos parte desses materiais estava envolvida em atividades simbólicas", escreveram os pesquisadores no artigo publicado na revista Science Advances.
Outros fragmentos apresentaram superfícies polidas, fraturas e sinais microscópicos de desgaste repetido, características compatíveis com o uso prolongado como instrumentos de marcação.
Segundo os autores, essas descobertas ajudam a compreender melhor os comportamentos culturais e simbólicos dos Neandertais, aproximando-os ainda mais dos primeiros Homo sapiens.