"Seria, teoricamente, uma escolha do trabalhador, onde o governo diz que os direitos seriam garantidos e que, se o trabalhador se recusar, ele não terá o seu emprego perdido. […] Muitas vezes a gente tem no papel esses direitos garantidos, mas, na prática, não ocorre assim."
"As próprias instituições europeias não consideram que essa proposta da Grécia está passando dos limites. Então, muitas vezes, essas instituições são julgadas pela população como coniventes com a própria exploração do trabalhador. E isso vai colocando em evidência automaticamente a crise que não só a Grécia está passando — ela é só o objeto de análise que nós estamos comentando —, mas a própria Europa."
"As pessoas que moram na Grécia, as que estão ficando, são aquelas mais velhas. Muitos jovens saíram. Eu acho que tem a ver com isso o fato de você tentar estender a jornada — como essa nova lei foi aprovada —, para você fazer as pessoas trabalharem mais com o que tem. Porque os jovens mesmo, que são aptos, que estão em idade de bastante produtividade, muitos deles saíram. Isso é fato."
"[A Grécia] Está desafiando o bem-estar social europeu e falando assim: 'A gente pode fazer uma coisa melhor se a gente destruir esse Estado de bem-estar. E, se a coisa der certo, se avançar, o próximo passo é outros países fazerem igual. Porque está aí a prova: geramos empregos, criamos dinamismo na economia grega, e agora a gente não precisa mais dessa lei tão rígida'."
A crise no jogo do euro
"O problema é que, se todos fazem parte do euro, eles não têm uma autonomia. Por exemplo, vai imprimir mais moeda, vai segurar a inflação desse jeito aqui? Não, eles estão presos e eles se endividam com a própria União Europeia. Então eles ficam um pouco engessados ali na forma como eles vão resolver."
"A história sobre a crise do euro ou a crise da União Europeia, a gente já está falando disso há uns 20 anos, e, como a gente fala lá na economia política internacional, nenhum império — vamos fingir aqui que a União Europeia é uma espécie de grande império que reúne todos os países ali — cai de um dia para o outro."
"Quando se fala em modernizar e fazer o que é melhor, mais produtivo para o trabalhador, no fundo se estão prejudicando grandes discussões — que demandam grandes reflexões —, de uma maneira açodada, rápida, sem profundidade do ponto de vista da virtude humana; se está fugindo do que a gente precisa."