Logo após o amanhecer de sexta-feira (28, horário local), os bombeiros já haviam controlado a maior parte do incêndio que destruiu o complexo habitacional Wang Fuk Court, no distrito de Tai Po, ao norte da cidade.
O conjunto de oito torres, que abrigava mais de 4.600 pessoas, estava passando por reformas e foi isolado por andaimes de bambu e telas verdes. Segundo a Reuters, a polícia informou ter prendido três funcionários da construtora sob suspeita de homicídio culposo — quando não há intenção de matar — por usarem materiais inseguros, incluindo placas de espuma inflamável bloqueando as janelas.
"Vamos nos esforçar para entrar à força em todas as unidades dos sete prédios, para garantir que não haja outras possíveis vítimas", disse o vice-diretor do Corpo de Bombeiros, Derek Chan, a repórteres na manhã de sexta-feira.
Até 279 pessoas constavam como desaparecidas na madrugada de quinta-feira, mas esse número não foi atualizado em mais de 24 horas. Chan afirmou que 25 chamadas de emergência para o Corpo de Bombeiros permanecem sem resposta, incluindo três nas últimas horas, que receberão prioridade.
Equipes de resgate enfrentaram calor intenso, fumaça densa, andaimes desabando e escombros enquanto lutavam para alcançar moradores que se temia estarem presos nos andares superiores do complexo.
A maioria das vítimas foi encontrada em duas torres do complexo, enquanto os bombeiros encontraram sobreviventes em vários prédios, disse Chan, sem dar mais detalhes.
Pior incêndio em quase 80 anos
O número de mortos confirmados subiu para 94 na manhã de sexta-feira, informou a Autoridade Hospitalar. Este é o incêndio mais mortal em Hong Kong desde 1948, quando 176 pessoas morreram em um incêndio em um armazém. A polícia prendeu dois diretores e um consultor de engenharia da Prestige Construction, empresa que realizava manutenção nos prédios há mais de um ano.
"Temos motivos para acreditar que os responsáveis da empresa foram extremamente negligentes, o que levou a este acidente e fez com que o fogo se alastrasse descontroladamente, resultando em um grande número de vítimas", disse a Superintendente de Polícia Eileen Chung na quinta-feira.
A polícia apreendeu documentos de licitação, uma lista de funcionários, 14 computadores e três telefones celulares em uma operação no escritório da empresa, acrescentou o governo. O departamento de desenvolvimento da cidade discutiu a substituição gradual dos andaimes de bambu por andaimes de metal como medida de segurança.
Na segunda noite após o incêndio, dezenas de evacuados montaram colchões em um shopping próximo, muitos argumentando que os centros de evacuação oficiais deveriam ser reservados para aqueles que realmente precisavam de ajuda. Pessoas — de idosos a crianças em idade escolar — se enrolaram em edredons e se aglomeraram em barracas do lado de fora de um restaurante e lojas de conveniência, enquanto voluntários distribuíam lanches e produtos de higiene pessoal.