De acordo com a Folha de S.Paulo, nos meses finais de 2025, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva intensificou ações de forte apelo popular após um primeiro semestre marcado por crises. O Planalto concentrou esforços em medidas voltadas sobretudo à população de baixa renda e em promessas de campanha ainda pendentes, preparando terreno para a disputa eleitoral do ano que vem.
Entre as iniciativas mais divulgadas estiveram o aumento da isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil e mudanças no processo de obtenção da CNH, que eliminaram a obrigatoriedade de autoescola e criaram renovação automática para motoristas sem infrações. A estratégia buscou reduzir custos para trabalhadores como entregadores e motoristas de aplicativo.
A Secretaria-Geral da Presidência, na gestão de Guilherme Boulos, assumiu protagonismo na articulação com movimentos sociais e na defesa de pautas como o fim da jornada 6x1. Boulos foi ao Congresso para destravar propostas trabalhistas que devem marcar o debate eleitoral do próximo ano.
O governo também lançou programas voltados à moradia, como o Reforma Casa Brasil, e anunciou medidas de crédito imobiliário para a classe média. Esses anúncios vieram acompanhados de eventos no Planalto com forte presença de movimentos sociais e ampla divulgação na mídia.
Nesse período, o governo alterou seu slogan para "Governo no Brasil, do Lado do Povo Brasileiro", sinalizando uma guinada comunicacional. Especialistas em direito eleitoral apontam que a concentração de entregas antes do calendário oficial de campanha é uma estratégia comum para evitar restrições legais e acusações de abuso de poder.
A Secretaria de Comunicação negou relação entre as ações e o calendário eleitoral, afirmando que as medidas fazem parte de um planejamento contínuo e que muitas propostas foram enviadas ao Congresso meses antes de sua aprovação. O governo argumenta que políticas públicas exigem maturação técnica e diálogo institucional.
A chegada de Boulos também marcou o lançamento do programa "Governo do Brasil na Rua", que pretende levar serviços federais diretamente às cidades. O ministro admitiu a preocupação de que as ações sejam confundidas com campanha irregular e afirmou que a execução deve ocorrer até junho de 2026, salvo autorização dos órgãos de controle.
Segundo a apuração, essas iniciativas contrastaram com um primeiro semestre turbulento, marcado por crises como a desinformação sobre o Pix, o escândalo de desvios no INSS. que levou à queda do ministro da Previdência, e a crise do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que gerou desgaste com o empresariado e recuos do governo.