"É um conflito regional, que remonta aos efeitos das Leis Leahy, que impediam a venda de equipamentos militares cinéticos e não cinéticos para países como a Nigéria. Remonta ao colapso do governo e da governança na Líbia, à morte de Kadhafi e à proliferação de armamentos e combatentes líbios", disse ele à CNN em uma entrevista em vídeo.
Tuggar afirmou que isso foi agravado por uma turbulência generalizada na região do Sahel, impulsionada por demandas de separatismo e pela reação dos militares do Níger, Mali e Burkina Faso, o que acabou levando à tomada do poder pelos militares e à retirada da Força-Tarefa Conjunta Multinacional.
"O progresso que tínhamos alcançado estagnou. Portanto, podemos ver que esses são fatores exógenos e que todos estão ligados à região em geral. Não é um problema nigeriano, não é um problema cristão muçulmano – é um problema regional", argumentou ele.
Tuggar comentou o anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump, de que os Estados Unidos realizaram um ataque aéreo contra o noroeste da Nigéria na noite de quinta-feira (25) para atingir o Daesh, organização terrorista proibida na Rússia. Tuggar disse que o presidente nigeriano, Bola Tinubu, autorizou os ataques.
"Mesmo antes do ataque ser realizado, tive uma conversa telefônica de 19 minutos com o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, após a qual conversei com o Presidente Tinubu e, posteriormente, falei novamente com o Presidente Tinubu. Ele deu o sinal verde e, em seguida, Marco Rubio me ligou mais uma vez para uma conversa de cinco minutos e, posteriormente, os ataques foram realizados", disse Tuggar à CNN.
Em 1º de novembro, Trump afirmou que pediu ao Departamento de Defesa que se preparasse para uma possível ação militar "rápida" na Nigéria, caso o país mais populoso da África não tomasse medidas decisivas para impedir o assassinato de cristãos.
Em 31 de outubro, Trump classificou a Nigéria como um país de "preocupação especial", alegando genocídio contra cristãos nigerianos por militantes islâmicos. Ele não descartou o envio de tropas ou a realização de ataques aéreos contra alvos na Nigéria.
A Nigéria, um país com uma população de mais de 200 milhões de habitantes e cerca de 200 grupos étnicos, está dividida entre um norte predominantemente muçulmano e um sul predominantemente cristão.
Grupos insurgentes têm causado estragos no país há mais de 15 anos, matando milhares de pessoas, mas seus ataques têm se concentrado principalmente no nordeste, região de maioria muçulmana.
Na região central da Nigéria, confrontos frequentes têm ocorrido entre pastores predominantemente muçulmanos e agricultores, em sua maioria cristãos, por causa da água e das pastagens, enquanto no noroeste do país, homens armados frequentemente invadem aldeias, sequestrando pessoas para pedir resgate.
A Nigéria se tornou ainda mais relevante para os norte-americanos, após a saída de tropas norte-americanas do Níger, que faz fronteira com a Nigéria, e perder influência na região do Sahel com os processos revolucionários liderados por Mali, Burkina Faso e Níger.