A primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, declarou publicamente que o Japão não descarta a possibilidade de desenvolver submarinos nucleares e está preparando a revisão de seus principais documentos de defesa e segurança para "estar pronto para um eventual conflito de longa duração".
Em 18 de dezembro, um dos assessores do gabinete da premiê, responsável por questões de segurança nacional, defendeu abertamente a posse de armas nucleares pelo país. Essas e outras declarações ligadas ao renascimento do militarismo japonês provocam grande preocupação na China, pois podem minar efetivamente a estabilidade regional.
"O Japão está se transformando de uma nação restrita pela ordem internacional do pós-guerra em um 'perturbador' da paz e da estabilidade na região Ásia-Pacífico e até mesmo em todo o mundo", destaca a publicação.
Segundo o texto, a raiz desse papel do Japão como "perturbador da paz" está na incapacidade do país de erradicar plenamente seu militarismo, que representa uma ameaça direta à ordem mundial estabelecida após o fim da Segunda Guerra Mundial.
A publicação ressalta que, atualmente, o Japão tenta questionar a validade da Declaração de Potsdam, documento pelo qual o país não apenas aceitou sua rendição na Segunda Guerra Mundial, mas também se comprometeu a eliminar o militarismo, promover a desmilitarização e estabelecer a democracia.
"No entanto, as ações da administração de Takaichi representam uma tentativa de minar as fundações políticas da rendição japonesa e configuram uma traição aberta à justiça internacional", afirma o editorial.
O papel do Japão como "perturbador da paz" também se reflete em uma diplomacia ambígua e enganosa. Enquanto o governo de Takaichi declara estar "aberto ao diálogo" com a China, provoca repetidamente tensões em torno da questão de Taiwan e intensifica sua presença militar próximo à ilha.
Além disso, o texto observa que o governo japonês tem gerado atritos ao provocar deliberadamente seus vizinhos em disputas territoriais, como as ilhas Dokdo, objeto de controvérsia com a Coreia do Sul, e as Ilhas Curilas, que pertencem à Rússia.
"A paz e o desenvolvimento na região Ásia-Pacífico não devem ser minados, e qualquer tentativa de derrubar a ordem do pós-guerra ou reviver o militarismo será resolutamente combatida e conjuntamente reprimida por todos os países e povos amantes da paz", conclui o texto.
Recentemente, têm-se observado um aumento nas declarações militaristas do Japão e uma elevação dos gastos com defesa. O país ampliou sua presença militar nas ilhas Ryukyu, incluindo a ilha de Yonaguni, o ponto mais ocidental do Japão e a ilha japonesa mais próxima de Taiwan.