Em entrevista para a Rádio Sputnik, o Presidente da Cruz Vermelha Brasileira da sede Rio de Janeiro, Luiz Alberto Lemos Sampaio, conta que o trabalho está sendo desenvolvido há mais de três anos pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que atua em situações de guerra pelo mundo, e já foi levado para quatro comunidades da Zona Norte da cidade com alto índice de violência – Maré, Parada de Lucas, Vigário Geral e Vila Vintém – além de favelas da Zona Sul, praias e ruas cariocas.
De acordo com Luiz Alberto, o trabalho feito em parceria com o Comitê Internacional abrange primeiros socorros, higiene e preservação da vida. ”A ideia é minimizar o sofrimento dos moradores que residem em áreas de risco. Há dicas de como os moradores de comunidades podem evitar se tornarem alvos de tiroteio; como identificar um local seguro para se proteger; como devem agir em casos de assaltos e até como se portar durante abordagens policiais”.
Presente em 189 países, a Cruz Vermelha no Brasil, segundo o presidente, vem buscando uma atuação bem ampla, como apoio ao Corpo de Bombeiros e Defesa Civil em situações sociais e de resgate, além de atuar ainda nas tragédias naturais provocadas, por exemplo, por tempestades, ajudando desabrigados. “No mundo inteiro a Cruz Vermelha tem a mesma missão de atenuar o sofrimento humano, como agora a forte atuação que a Cruz Vermelha teve na Guerra da Síria”.
Nos casos de balas perdidas no Rio, dez ocorreram na capital, um em Niterói e outro em São Gonçalo, na Região Metropolitana. Quatro vítimas morreram, sendo duas crianças, uma de quatro e outra de nove anos, o que faz aumentar também as estatísticas do número de crianças mortas por balas perdidas no Rio de Janeiro.
Segundo dados da ONG Rio de Paz, filiada ao Departamento de Informação Pública da ONU, entre 2007 e 2015, 14 crianças foram mortas no Rio vítimas de balas perdidas, com idades entre três e treze anos.
Para a organização, que realizou um ato em protesto no último fim de semana, a sociedade e o poder público precisam despertar para o fato de que a violência do Rio está matando crianças. A ONG reivindica ainda que o Estado ampare as famílias das vítimas, através da criação de metas de redução para mortes por balas perdidas.
Diante do aumento da insegurança no Estado, principalmente com a preocupação de que o Rio vai ser sede dos Jogos Olímpicos de 2016, o Secretário de Segurança Pública José Mariano Beltrame afirmou que os últimos casos de balas perdidas no Rio foram provocados pelo que ele chamou de nação de criminosos que se criou no Rio. “Essas balas perdidas foram, na maioria das vezes, provocadas por traficantes e não em confronto com a Polícia. São pessoas que têm uma ideologia de facção, pessoas que têm um desapego e uma irresponsabilidade total pela vida humana e idolatria por armas.”
Beltrame afirmou, ainda, que o enfrentamento da violência no Estado depende de uma ação conjunta de autoridades. “Esta situação compreende uma série de atores, compreende fronteiras, uma política para menores, mudanças na lei, uma atuação do Ministério Público, do Poder Judiciário, do Sistema Penitenciário, e também, sim, da Polícia. Só que nos momentos onde as pessoas são sem dúvida nenhuma agredidas com tiros, principalmente sem saber sua origem, as coisas recaem sobre a Polícia, mas há uma necessidade urgente no país de alargarmos os nossos horizontes e pararmos de olhar exclusivamente para a Polícia”.
O Secretário de Segurança informou que as Polícias Militar e Civil estão atuando de forma ostensiva no combate ao crime no Rio de Janeiro e já efetuaram milhares de prisões nos últimos meses. Segundo ele, do dia 7 de novembro até o dia 25 de janeiro de 2015, a PM prendeu 4.410 pessoas, apreendeu 65 fuzis, 578 pistolas, 539 revólveres e 54 granadas.
Ainda com o objetivo de intensificar a segurança no Estado em 2015, a Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro determinou a troca de comando em pelo menos 16 UPPs e o reforço do efetivo nas comunidades consideradas mais críticas, como os complexos do Alemão e da Maré, e das favelas da Rocinha e da Mangueira.
Na favela da Maré, na Zona Norte carioca, o governo do Rio conseguiu negociar ainda permanência das tropas do Exército até o primeiro semestre de 2015, com a finalidade de completar a implantação da Unidade de Polícia Pacificadora no local, programa considerado como uma peça chave da política de segurança pública no Estado.
A UPP consiste em promover a ocupação da comunidade a partir de operações do BOPE – Batalhão de Operações Especiais da Polícia Miliar para tirar a região das mãos de traficantes ou grupos armados.
Entre as metas de novo Governo está ainda o aumento do efetivo da Polícia, com a realização de um concurso público ainda no primeiro trimestre de 2015, para a admissão de novos seis mil policiais militares. E um outro concurso, para cinco mil vagas, que deve acontecer no terceiro ano de mandato do Governador Luiz Fernando Pezão, iniciado neste mês.