Será que o yuan se torna moeda de reserva do FMI?

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O yuan chinês não esconde as suas ambições para ser membro do clube das moedas de reserva mundiais. Recentemente, ele deu mais um passo em frente rumo ao seu objetivo almejado. A moeda da China entrou pela primeira vez no quinteto das divisas mais usadas em transações internacionais.

Em termos de demanda, o yuan cede hoje tão só ao dólar norte-americano, ao euro, à libra esterlina e ao iene japonês. No entanto, a distribuição de forças dentro do top 5 poderá mudar em breve.

De acordo com o sistema de telecomunicações financeiras interbancárias SWIFT, em 2014 o número de pagamentos internacionais em RMB se duplicou, enquanto o número de pagamentos em moedas de reserva tradicionais registrou um acréscimo de apenas alguns pontos percentuais. Se a tendência continuar na mesma, a demanda do yuan chinês irá ultrapassar em poucos meses o do iene japonês.

Mas será que a unidade monetária da China pode conquistar ainda este ano a altura principal, integrando a cesta de moedas de reserva do FMI? Vale a pena lembrar que a estrutura da cesta é revisada a cada cinco anos, e a próxima revisão deverá acontecer justamente em 2015. As opiniões de especialistas russos se dividiram a esse respeito.

O diretor do Instituto de Análise Estratégica, Igor Nikolayev, avalia as chances do yuan como bastante altas:

"É possível que o yuan complete a cesta de moedas de reserva já este ano. E as chances para tal são muito elevadas. O caso da China demonstra explicitamente que a moeda nacional passa a ser moeda de reserva quase que automaticamente, se tudo correr bem com a economia, se esta cresce a ritmo acelerado e o seu volume e a eficiência começam a corresponder aos padrões mundiais".

O presidente da Associação dos Bancos Russos, Garegin Tosunyan, mostrou-se menos otimista quanto à admissão do yuan na cesta de moedas do FMI. A principal causa, segundo acredita o banqueiro, consiste em que a moeda chinesa não responde aos critérios de livre circulação.

Um outro estorvo está relacionado com a fixação da taxa de câmbio do yuan por mecanismos não-mercantis. Embora este processo tenha se tornado mais livre após a reforma monetária de 2005, o yuan segue sendo controlado pelo Banco Popular da China, o qual não permite suas oscilações maiores de um ponto percentual por sessão do pregão. É um fator que trava o processo de adjudicação ao yuan do status oficial de moeda de reserva global, afirma Tosunyan:

"No entanto, a moeda chinesa já é responsável por volumes bastante importantes da economia global, e um número cada vez maior de países começa a perceber o yuan como moeda de reserva informal. Atualmente, já é usado como tal por uns cinquenta bancos centrais ao redor do mundo, que guardam parte de suas reservas cambiais em RMB".

O primeiro vice-reitor da Escola Superior de Economia, Lev Yakobson, ao avaliar as perspectivas do yuan, chama a atenção para a dimensão política da questão. Há forças que não estão nada satisfeitas com o crescimento geral do prestígio e influência da China, diz o cientista:

"Em certo sentido, a valoração da moeda exprime a confiança no Estado que a emite. Hoje em dia, a China goza de alta credibilidade, mas, se quiser ou não, a credibilidade da Reserva Federal dos EUA é ainda mais alta.

"Além disso, os países ocidentais, cujas moedas são de reserva, historicamente têm um papel predominante no FMI. E mesmo que os BRICS e outros países emergentes estão empenhados em ampliar a cesta do FMI, recalco, ampliar e não substituir qualquer uma das moedas, esses reclamos ainda são desatendidos".

Encabeçados pelos Estados Unidos, os veteranos do FMI estão tentando manter uma posição dominante nesta organização internacional influente, diz Lev Jakobson. Contudo, a política ocidental de contenção da China não será capaz de parar o avanço progressivo do yuan. Mais cedo ou mais tarde, será admitido no seleto clube das moedas de reserva mundiais. Esta é uma questão do tempo apenas, conclui o cientista.

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