A principal entidade do futebol mundial propôs a alteração de data para que o torneio ocorra no período do inverno do hemisfério norte, o que modificaria pela primeira vez a data de seu evento mais importante.
A ideia é impedir que as partidas ocorram sob altíssimas temperaturas, que são comuns no Qatar no meio do ano, ultrapassando muitas vezes os 40ºC. Preocupada com o bem-estar dos jogadores, a FIFPro se mostrou favorável à proposta, apesar da queixa dos clubes europeus, que avaliaram a possibilidade como "um desastre" para as ligas nacionais.
"A FIFPro está convencida de que uma mudança para os meses de inverno é a única solução viável para proteger a saúde e o bem-estar dos jogadores que estarão competindo na Copa do Mundo de 2022", explicou o sindicato em comunicado oficial divulgado nesta terça-feira.
De acordo com a FIFA, a Copa com início em novembro é "a única opção" porque o mês de fevereiro será destinado para os Jogos Olímpicos de Inverno, em Almaty ou Pequim. Já o Ramadã no mundo islâmico começa no dia 2 de abril, o que dificultaria as operações de um evento em um país muçulmano.
Ainda assim, foi levantada a hipótese de o Mundial ser mais curto, justamente para ser encaixado em um calendário tão cheio, mas a FIFPro fez ressalvas sobre esta possibilidade. "Qualquer discussão sobre uma redução proposta para os dias da competição é um problema que envolve os jogadores. Mudanças na agenda poderiam exigir esforço extra na carga de trabalho dos jogadores. É isso que a FIFPro avaliará com todas as partes interessadas no processo."
O sindicato ainda indicou que a mudança para novembro não é a única medida que a FIFA precisa tomar. "Uma mudança para ficar longe das condições climáticas que colocariam os jogadores em risco não deve ser tomada isoladamente. A FIFPro segue com a opinião de que há diversos desafios não resolvidos pela frente."
A decisão sobre a alteração da data ainda precisa passar pelo Comitê Executivo da FIFA, que se reúne em março para bater o martelo. Mas a proposta é uma aceitação generalizada de que, ao dar ao Qatar a Copa de 2022, os cartolas simplesmente ignoraram o fato de que seria impraticável jogar futebol no deserto no verão.