Despoluir a baía de Guanabara é um "grande desafio que decidirá o nosso futuro" e uma "obrigação dos cariocas", afirmou, em entrevista à Sputnik, o professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-RJ), economista e ambientalista Sérgio Besserman Vianna.
Segundo o especialista, a baía de Guanabara, juntamente com outras riquezas naturais do Rio de Janeiro, como a baía de Sepetiba, as três florestas (Tijuca, Pedra Branca, Mendanha), as lagoas e o "litoral oceânico espetacular", constitui a "marca do Rio de Janeiro" e, portanto, deve ser preservada e protegida sempre, e não somente para o período da Olimpíada, que terá lugar aqui em 2016.
E se o governo do Rio não cumprir esta obrigação sua, pode ver prejudicada a sua imagem internacional e nacionalmente conhecida.
O professor Besserman acredita que o Rio sempre foi e é uma das cidades principais do Brasil, se não a principal: é um "encontro":
"O nome já diz: o rio de encontros, encontros das águas continentais com as águas oceânicas, mas ele é também encontro de serra e mar… é um encontro de centro e periferia, porque aqui não tem centro e periferia, tudo é misturado, as comunidades populares com as áreas ricas da cidade. O Rio também é encontro de pessoas, pessoas de qualquer rincão do Brasil ou de outros países do mundo. Elas vêm para o Rio e, quando ficam aqui, em pouco tempo são cariocas!"
O próprio nome da cidade já parece indicar a importância de as águas que nela há sejam limpas.
A antiga capital tem outros problemas de que é preciso de cuidar, não só na véspera do 450º aniversário, senão a todo momento. O professor Besserman destacou o assunto de transportes públicos e mobilidade e a segurança. Esta última é um problema latino-americano e precisa também de ser tratado tanto ao nível nacional, como ao internacional.
A taxa de homicídios, notou o especialista, começou a baixar em metrópoles brasileiras, mas continua sendo alta.
Comentando o assunto da mobilidade, o professor prevê o desenvolvimento rápido do sistema de transportes até 2016, uma "revolução da mobilidade", mas depois voltará a ser "ruim".
O mesmo é temido para o futuro da baía de Guanabara. A meta prevista para os Jogos Olímpicos dificilmente pode ser cumprida, pois "não há milagres", disse o professor Besserman. As metas de prazos maiores (limpar a baía inteira em 20 anos) só pode ser alcançada se os esforços fossem realmente aplicados. As circunstâncias são favoráveis, já que cresce a consciência dos cariocas e fluminenses.