A China tem dado um "grande salto em frente" no mercado global de ouro apenas no decorrer dos últimos seis meses,após Xangai ter desafiado Londres em 29 de setembro. Este foi o primeiro desafio lançado ao centro de fixação do preço mundial do ouro em mais de cem anos da sua história.
Presentemente, o preço do ouro é fixado pelos cinco bancos integrantes do mercado interbancário de ouro de Londres, nomeadamente: Deutsche Bank, Société Générale, HSBC, Scotia Mocatta e Barclays Capital. A China tentou superar a sua dependência do domínio desse "Golden Five", desenvolvendo uma ferramenta própria para formar o "preço chinês no mercado de ouro". Com outras palavras, amarrou os contratos internacionais de ouro ao mercado interno.
Sergei Khestanov, analista especializado em bolsas, acredita que isto tem sido o primeiro desafio de Xangai às velhas regras do jogo em vigor na London Gold Exchange:
"A decisão da Shanghai Gold Exchange permitiu arraigar o preço formado em pregão na China como referencial para outras bolsas. A aparição de um tal referencial independente e a chamada cotação reconhecida fizeram com que as transações na Bolsa de Xangai se transformassem em formalmente independentes em relação à Fixação de Ouro de Londres".
A partir de março, segundo previsões, é esperado um aumento substancial do número de participantes do pregão que irá fixar o estalão global do preço do ouro. Pelo visto, a Shanghai Gold Exchange vai ser um destes novos participantes.Enquanto isso, a LBMA, que vai fixar o preço, já inclui, nem mais nem menos, três bancos chineses: ICBC China, China Construction Bank e Bank of China.
A forma de que estes vão participar na fixação do preço ainda não está totalmente definida. No entanto, a chefe da LBMA, Ruth Crowell, já confirmou que entre os integrantes da nova composição haverá bancos chineses. Sendo o maior detentor mundial de reservas de ouro, a China obterá, portanto, mecanismos eficazes de ditar suas regras do jogo neste mercado, afirma o especialista Yakov Berger:
"A política de preços será determinada pelo comércio no mercado livre. Contudo, o envolvimento neste jogo das enormes reservas de ouro pertencentes a um Estado, com certeza, irá influir na política mundial no mercado de metais preciosos, no preço internacional do ouro, nas instituições e na organização do trabalho nesta área.
"Xangai vai se tornar um centro global de comércio de ouro e de moedas amarradas ao ouro, juntamente com Londres e Nova York. Esta é uma política deliberada que vai transformar a China em um centro mundial do comércio de ouro, um centro financeiro mundial".
Para acelerar a transformação da China em um dos centros mundiais de formação do preço do ouro, 40 jogadores internacionais obtiveram no outono boreal do ano passado o acesso direto à negociação na Shanghai Gold Exchange.
Entre eles se destacam os bancos de investimento tão grandes como o Goldman Sachs Group Inc., UBS AG, HSBC, Australia & New Zealand Banking Group e Standard Chartered PLC.
A abertura do seu mercado do ouro para os investidores estrangeiros reforçou sinergicamente as posições da China. O centro mundial de consumo de ouro tem coincidido com a plataforma na qual o referencial do preço do ouro é definido para toda a Ásia. Ao mesmo tempo, a participação dos investidores estrangeiros tem permitido que a Shanghai Gold Exchange forme um preço representativo do metal precioso.