Na última semana, a China fez algumas exigências como requerer que empresas de tecnologia americanas interessadas em fazer negócios no país asiático instalem seus servidores na China. As empresas também precisam fornecer senhas e permitir ao governo chinês um acesso especial de vigilância a seus sistemas.
As medidas deixaram as empresas de tecnologia e o presidente Obama receosos, embora este seja exatamente o tipo de acesso que o governo americano possui — como os documentos revelados por Edward Snowden comprovaram.
"É algo que já levei diretamente ao presidente Xo", disse Obama à agência Reuters. "Deixamos bastante claro que é algo que precisará ser modificado se eles querem negociar com os Estados Unidos", completou.
O tom de Obama é bem diferente do adotado no começo do ano, quando tanto o presidente americano quando o primeiro-ministro britânico, David Cameron, pressionaram as gigantes de tecnologia a cooperar com as agências de inteligência do Ocidente.
"Ainda teremos de encontrar maneiras de garantir que, se um grupo afiliado à Al-Qaeda estiver operando na Grã-Bretanha ou nos Estados Unidos, podemos tentar prevenir uma tragédia de verdade", disse Obama em uma coletiva na ocasião. "Acho que todas empresas querer ver isso também. Elas são patriotas e têm famílias que querem ver protegidas."
Passaram-se apenas seis semanas desde estes dois discursos diferentes de Obama. Se, por um lado, Obama considera a vigilância digital como ferramenta essencial do patriotismo e vital para lutar contra o terrorismo doméstico e estrangeiro, o mesmo não acontece quando é a China que adota a mesma postura.
Coincidentemente, a segurança nacional é também o argumento usado pelo governo chinês. Ao colocar em vigor a lei antiterrorismo, Pequim se justifica citando o perigo da presença de extremistas religiosos na região de Xinjiang.
Obama afirma que as empresas de tecnologia não estão dispostas a dar tamanho acesso ao governo chinês, mas os documentos revelados por Edward Snowden mostram que a Microsoft dava acesso direto a mensagens criptografadas à NSA. No ano passado, inclusive, tanto o FBI quanto a NSA alertaram empresas de internet contra o uso de criptografias que as agências da lei não conseguissem decodificar.
Como a China é uma das maiores economias em crescimento, seu mercado pode ser atrativo demais para que as empresas de tecnologia ignorem. Especialmente se o "novo" negócio tem regras que elas já são forçadas a seguir há anos.