A investigação do atentado contra a embaixada de Israel em Buenos Aires, perpetrado em 1992, "está aberta", declarou na terça-feira o chefe do Gabinete do governo argentino, Aníbal Fernández.
Tal foi a sua resposta ao presidente do Supremo Tribunal da Argentina, Ricardo Lorenzetti, que, no seu discurso de abertura do ano judicial, tinha afirmado que o caso já teve uma sentença: em 1999, o juiz Esteban Canevari determinou que a explosão foi provocada por um carro bomba e o culpado foi o governo do Irã. O ataque foi realizado pelo movimento libanês Hezbollah. Imad Mugniyah, líder do Hezbollah naquela altura, foi indicado como o responsável.
Correspondência
No entanto, o chanceler argentino, Héctor Timerman, fez público, na terça-feira, o seu intercâmbio de cartas com o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, e com o ministro das Relações Exteriores israelense, Avigdor Lieberman.
Timerman tinha enviado, em 17 de fevereiro, uma carta a eles pedindo incluir a causa AMIA (assunto do atentado contra a Asociación Mutual Israelita Argentina em 1994) na agenda das negociações sobre o programa nuclear do Irã, país que é considerado culpado do ataque.
Em 26 de fevereiro, Lieberman respondeu-lhe confirmando a importância da causa AMIA. Não está claro, porém, se o Estado judeu disse algo a respeito das negociações iranianas, já que Israel não participa delas, mas, pelo contrário, critica a mesma iniciativa dos Estados Unidos de participar.
O atentado contra a embaixada de Israel em Buenos Aires foi perpetrado em 17 de março de 1992, causando 29 mortos e 292 feridos. Dois anos depois, em 18 de julho de 1994, outra explosão atingiu o prédio da Asociación Mutual Israelita Argentina, também em Buenos Aires. Este é considerado até agora como o maior atentado na história da Argentina, com 85 mortos e 300 feridos.
A Justiça argentina acusou o governo do Irã de ter planejado e o movimento libanês Hezbollah de ter realizado os atentados.
Alberto Nisman foi encontrado morto na madrugada de 18 de janeiro no seu apartamento em Buenos Aires. A versão principal sugere que foi suicídio, mas peritos dizem que há indícios que descartam essa possibilidade. A morte de Nisman foi um dos eventos que mais impactaram a sociedade e a política da Argentina no que há de 2015, menos de 8 meses antes das eleições.