República Tcheca planeja devolver território para a Polônia

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A República Tcheca está pensando em devolver 368 hectares de terra para a Polônia, o que vai resolver uma disputa territorial datada de 1950, quando a liderança da União Soviética fez ajustes na fronteira entre os dois países.

De acordo com o jornal Prague Post, o governo tcheco está preparando a oferta após a sua proposta de compensação financeira ter sido rejeitada pelo governo polonês. O ministro do Interior tcheco, Milan Chovanec, disse que seu país reconhece a reivindicação territorial dos poloneses, e que seu governo está à espera da contraparte polonesa para examinar a terra que está sendo oferecida.

Um representante da Embaixada da Polônia disse que depois que a análise terminar, o país responderá às autoridades tchecas, e que a “condição básica” era que cada um dos lotes fosse adjacente ao território polonês.

Embora a localização exata do terreno ainda não tenha sido divulgada, especula-se que parte do território em questão está localizado nas cidades de Krnov e Vidnava, no norte da Moravia, e na cidade de Frydland, no norte da Boêmia.

Já em 2008, o Ministério do Interior tcheco havia anunciado que tinha sido encarregado pelo governo de "selecionar várias centenas de hectares de território que seriam devolvidos para a Polônia", depois que esta última perdeu território na década de 1950, “quando a União Soviética ordenou que a fronteira entre a Tchecoslováquia e a Polônia fosse retificada, de modo que fosse mais fácil de patrulhar".

O plano, no entanto, enfrentou a oposição de alguns habitantes locais. Um representante dos moradores da vila de Bila Voda, que fica perto da fronteira com a Polônia na cidade de Zloty Stok, disse à Sputnik que, embora os tchecos não se oponham, em princípio, à devolução de terras para a Polônia, os moradores do vilarejo estão descontentes com a escala das mudanças propostas para o seu território, bem como com os métodos do governo tcheco para a realização da transferência de terras.

"Na década de 1950, houve um acordo, de que nós devolveríamos essas terras", disse Miroslav Kocian à Sputnik. "Mas metade de um século se passou, e nem a Tchecoslováquia nem a República Tcheca apresentaram nada de concreto. E então, de repente, a entrega de terra! Nós, os moradores de Bila Voda, concordamos em entregar à Polónia cerca de dois hectares, e pensamos que fizemos a nossa parte. Mas os nossos colegas em outras vilas ao longo da fronteira recusaram os pedidos do governo. E então o governo volta para nós, pedindo mais terra para devolver."

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"Formalmente, esta terra é do governo. Mas nós, moradores, simplesmente não podemos dar as terras de volta, porque as fontes de nossa água potável estão localizadas lá", disse Kocian, antes de reclamar sobre as táticas empregadas pelo governo para realizar a mudança de fronteira. "Quando as autoridades entraram em dificuldades, começaram a agir usando métodos partidários, aprovando a entrega de terras em regime de sigilo."

Kocian explicou ainda que a terra que os moradores tinham acordado previamente a entregar não estava em uso, mas que outras áreas que o governo agora quer devolver estão localizadas perto de assentamentos e são usadas ​​ativamente pelos agricultores, que alugaram extensões de território e, em um caso, até mesmo receberam uma subvenção da União Europeia para o desenvolvimento da terra.

Além disso, diz Kocian, a construção de conjuntos habitacionais já está em andamento na cidade de Mikulovice, em Javornik as áreas são usadas para o esporte e lazer, e obras de esgoto e abastecimento de água estão situadas em Vidnava, as quais terão que ser compensadas.

"De uma forma ou de outra, essa história vai acabar custando aos dois países muito dinheiro", segundo alertou Kocian. "Eles vão ter que pagar para demarcar as fronteiras novamente, emitir novos mapas, novos levantamentos de terra… O dinheiro que será gasto não vai de forma alguma ser compensado pela Polônia ganhando uns poucos quilômetros quadrados do que é atualmente território tcheco".

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