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Diretor-executivo do FMI: “Economia mundial dá sinais de recuperação”

© g20russia.ru / Divulgação / Acessar o banco de imagensPaulo Nogueira Batista Jr., diretor-executivo do Fundo Monetário Internacional
Paulo Nogueira Batista Jr., diretor-executivo do Fundo Monetário Internacional - Sputnik Brasil
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O economista Paulo Nogueira Batista Jr. concedeu entrevista à Rádio Sputnik Brasil, em que alinhou diversas considerações sobre a economia brasileira e mundial. Ele é diretor‐executivo pelo Brasil e por mais dez países no FMI, o Fundo Monetário Internacional. E, além de economista, é professor e pesquisador da Fundação Getúlio Vargas desde 1989.

Ressalvando ter concedido a entrevista em termos estritamente pessoais, o economista vê positivamente a economia mundial, afirmando que ela dá sinais de recuperação. A sua ênfase recai sobre os Estados Unidos e alguns países da Europa. Em relação ao Brasil, Paulo Nogueira Batista Jr. considera que a Presidenta Dilma Rousseff e o Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, adotaram as medidas corretas, e por isso vê como real a possibilidade de o país recuperar a sua vitalidade econômica. 

A seguir, as conclusões da entrevista, com destaque para a economia dos Estados Unidos e do Brasil.

Rádio Sputnik: A economia dos Estados Unidos, que o senhor acompanha bem, vive certo clima de faroeste, segundo alguns analistas políticos e econômicos. Uma recente decisão do Congresso americano, flexibilizando regras do mercado, é mais um passo para esse faroeste financeiro? 

PNBJr: O que acontece é que a força dos interesses financeiros nos Estados Unidos e em vários outros países é tal que, mesmo com o que aconteceu em 2007, 2008 e 2009 – naquela crise brutal provocada por desequilíbrios no sistema financeiro privado – o progresso feito em matéria de aumentar a segurança do sistema financeiro e proteger a economia contra turbulências da área financeira foi limitado. Ou foi insuficiente. Aconteceu uma melhora aqui ou ali, mas há uma enorme resistência dos lobbies financeiros a que se faça uma regulação mais forte e mais detalhada das instituições financeiras privadas. Então, há quem diga que existe um risco, em algum momento futuro, de repetição de uma turbulência provocada por insuficiente regulação da área financeira privada. 

RS: Nós gostaríamos de saber sua opinião sobre uma manifestação esta semana da Presidenta Dilma Rousseff, em que, falando ao Sindicato da Construção Civil em São Paulo, ela reconheceu que a economia brasileira passa por dificuldades, passa por uma necessária fase de ajustes, porém disse que, até o final do ano, nossa economia estará recuperada. 

PNBJr: Eu não ouvi esse pronunciamento da presidenta, mas a expectativa que se tem é de que nós teremos um primeiro semestre difícil, com correções de preços relativos, com medidas de ajuste fiscal importantes e alta da taxa de juros. Mas, à medida que essas políticas forem surtindo efeito e a confiança for recuperada, a situação tende a se estabilizar e a economia poderá novamente se recuperar. O processo é difícil, porque não só a situação internacional continua complicada, mas o Brasil também tem distorções por corrigir. Por exemplo, o déficit fiscal, que cresceu demais no ano passado; há um desequilíbrio em conta corrente que está um pouco mais alto do que deveria e a inflação está acima do desejável. E a tentativa de corrigir esses desequilíbrios gera dilemas para a política econômica. Por exemplo, é importante corrigir os preços públicos, que estavam atrasados, porém isso cobra um preço em termos de pressão inflacionária no curto prazo. A depreciação da taxa de câmbio, que é bem-vinda porque vai ajudar a promover exportações e a reduzir gastos com importações, também eleva a pressão inflacionária no curto prazo. Esses são dilemas inevitáveis que o governo está tentando enfrentar para conseguir abrir o horizonte de recuperação. 

RS: Mas até o final deste ano poderemos atingir essa meta de recuperação?

PNBJr: Eu acredito que a situação no final do ano poderá estar melhor do que está hoje, sim. 


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