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Viviane Mosé acredita em interesse internacional em desestabilizar o Brasil

© Uriel Punk / Futura Press / Estadão Conteúdo / Acessar o banco de imagensProtesto em São Paulo pelo Impeachment de Dilma Rousseff
Protesto em São Paulo pelo Impeachment de Dilma Rousseff - Sputnik Brasil
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Em entrevista concedida à Rádio Sputnik, a filósofa Viviane Mosé analisou as manifestações realizadas ontem em todo o Brasil contra a corrupção e contra o atual governo. Ela alertou para o perigo do crescimento das forças nacionais de extrema direita e disse que não há dúvidas de que existem grupos externos interessados em desestabilizar o país.

“Nós temos uma indicação no Brasil que não é de agora. Há dois anos, tivemos dois milhões de pessoas nas ruas também protestando. O que é preocupante, na minha opinião, é que, quando você coloca dois milhões de pessoas na rua, essas pessoas não estão lá exatamente pela mesma razão. Nós temos pessoas por todos os motivos na rua. Todos indignados com a corrupção”, disse a especialista em resposta a uma pergunta do jornalista Arnaldo Risemberg. 

Destacando a ingenuidade dos manifestantes que foram às ruas no último domingo, Viviane Mosé observou que, internamente, é possível destacar duas grandes forças presentes nos protestos contra a presidenta Dilma Rousseff: uma que pede o impeachment da chefe de Estado e outra que pede uma intervenção militar. Ambas as alternativas, segundo ela, são antidemocráticas. 

“Primeiro, houve eleições no Brasil. Embora tenham sido bem divididas, um pouco mais da maioria colocou a presidenta no governo. Não há nenhuma justificativa para um impeachment, já que ela não cometeu nenhum crime, já que ela está há muito pouco tempo no governo (nesse segundo mandato). Então, isso é antidemocrático. O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Ayres Britto já disse isso claramente. É inconstitucional”, explicou Viviane. “Qual é o perigo que nós temos hoje? O perigo é que a direita — ou seja, quem defende uma intervenção militar —, predomine nessas manifestações. Já que o impeachment não é uma possibilidade legal, uma intervenção militar é uma alternativa de exceção, ilegal, como aconteceu em 1964, quando o regime militar foi às ruas e tomou o poder. Como, hoje, em sã consciência, alguém vai defender essa bandeira? Quando a gente faz uma manifestação, tem que pensar em curto, médio e longo prazo”.  

Perguntada sobre a possível participação de grupos internacionais nas recentes demonstrações de descontentamento com o governo brasileiro, a filósofa disse não haver dúvidas de que existe interesse externo em desestabilizar o Brasil, que é um país que, nos últimos 15 anos, teve um crescimento significativo.

“Não tenho dúvidas de que há interesse, por exemplo, em desestabilizar o petróleo brasileiro. A Petrobras é uma empresa que ia muito bem, apesar da corrupção absurda contra a qual nós tínhamos que lutar. É uma empresa sustentável, no sentido econômico, que tem tecnologias para retirar petróleo de áreas profundas — não apenas do pré-sal brasileiro, mas do mundo inteiro, onde há petróleo em águas profundas. Será que nesse momento, nessas manifestações, não há outras forças interessadas? Nós temos forças no Brasil de direita, nós temos o crime organizado, nós temos forças internacionais interessadas em desestabilizar o Brasil e nós temos dois milhões de pessoas ingênuas na rua, com uma bandeirinha na mão, ‘porque sou contra e não sei exatamente por quê’”.

Para Viviane Mosé, falta aos manifestantes em geral um discurso claro contra aquilo que é visto como a principal fonte de insatisfação, a corrupção. 

“Se você é contra a corrupção, é preciso que você tenha um discurso contra ela. Eu tenho um discurso contra a corrupção: tecnologias, transparência, aplicativos. É isso que a gente tem que ter para acabar com a corrupção. Mas a nossa ingenuidade transformou um problema como esse numa questão política, como se mudar os atores fosse solução” disse ela, acrescentando que “podemos estar caminhando para um crescimento político brasileiro, mas também podemos estar brigando pelo seu retrocesso, que significa retorno ao regime militar ou um impeachment sem nenhum sentido”. 

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